A história do Boi-Bumbá

Saiba mais sobre a história do boi-bumbá

 

TEXTO e Ilustração: Leandro Valquer | Adaptação web: David Pereira

A história do Boi-Bumbá | Ilustração Leando Valquer

A história do Boi-Bumbá | Ilustração Leando Valquer

Boi-Bumbá é um ente que baila deixando pegadas inconfundíveis pelo país afora, assumindo, em determinadas regiões, cada um de seus diversos apelidos como: Boi-calemba (em Pernambuco), Boi zumbi (no Ceará), Boi-Janeiro (na Bahia), Boi de mourão (em Santa Catarina), Boi de reis ou Boizinho (no Espírito Santo) e Boi-mamão (no Rio Grande do Sul). O drama do boi iniciou quando, grávida, Catirina – esposa de Pai Francisco (ambos trabalhadores escravos de certa fazenda) – começou a ter irresistíveis desejos de comer língua de boi, mas não de qualquer boi, tinha de ser o melhor boi da fazenda na qual eles trabalhavam. Não aguentando ouvir as queixas e ameaças de Catirina, Francisco decidiu matar o boi logo e presentear a esposa com o guisado. Na calada da noite, cheio de medo, invadiu o curral e apanhou o animal predileto do patrão, andando léguas para abater o boi tão cobiçado. O coronel, sentindo a falta do boi, mandou seu capataz investigar o caso, descobrindo que pai Francisco foi o autor do crime. O patrão obrigou Francisco a lhe devolver o boi, mesmo que morto. Desesperado, depois de todas as tentativas de reanimar o boi, Francisco chamou um pajé, que ressuscitou o animal, desencadeando uma imensa festa.

Hoje, realiza-se o auto de maneira mais simplificada, por vezes sendo dividido em etapas com três datas diferentes durante o ano, como o nascimento, o batizado e a morte do boi. Em alguns lugares brinca-se apenas nas festas juninas. O auto do boi é composto por diversos personagens, além da Catirina, do Pai Francisco, do patrão e do capataz. Também fazem parte da brincadeira os cazumbás (seres andróginos fantásticos que nos remetem a feições das máscaras africanas que puxam o cortejo fazendo estripulias); as burrinhas, que dançam cavalgadas pelos vaqueiros; as índias bailarinas, cobertas de penas multicoloridas; os caboclos de pena que estimulam e ritualizam a ressurreição do boi, colorindo o cortejo com os caboclos de fitas. E o miolo, grupo coreográfico que baila no centro do cortejo. Atualmente, em meio à cultura de massa e doses acentuadas de violência gratuita, o boi parece um resgate de uma inocência perdida, um descanso em meio à loucura. Mas, entre 1861 e 1868, no Maranhão, o bumba-meu-boi já foi alvo de perseguições da polícia e das elites por ser uma festa mantida pela população negra da cidade, chegando a ser, até mesmo, proibida.
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