A história do sapateado

Saiba mais sobre o ritmo do sapateado

 

TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTO: Arquivo | Adaptação web: David Pereira

A história do sapateado | FOTO: Arquivo

A história do sapateado | FOTO: Arquivo

Conheça a história do sapateado.

Ao se falar do sapateado, convencionou-se dizer que essa dança nasceu na Irlanda do século quinto, por conta dos tamancos de madeira (clogs) dos camponeses. De lá, teria ido para a Inglaterra, em sua primeira Revolução Industrial, quando os calçados com sola de madeira ajudavam a isolar os pés do calor ou da umidade do chão das fábricas. Dizem que nos tempos livres os operários formavam rodas e produziam sons com os pés, em disputas para ver quem era mais criativo. No início do século 19 desenvolveram-se os primeiros sapatos especificamente para sapatear.

Essa é a versão contada pelos europeus. Ou melhor, essa é a história da Irish Tap Dance que, apesar da vibração dos pés, mantém os corpos rígidos. Sem dúvida, uma bela dança artística. Porém, os corpos africanos que a diáspora espalhou pelas Américas e Caribe, eram puro molejo e em várias culturas milenares havia a tradição da produção de sons corporais: mãos, pés, bocas, estalar de dedos, que produziam sonoridades rítmicas, comentadas em inúmerascartas de viajantes exploradores.

Nos Estados Unidos, a Tap Dance se desenvolveu, graças à criatividade dos afro-americanos que não tinham limites na execução de ritmos sincopados, produzidos com movimentos com o corpo todo. Hollywood se incumbiu, desde os anos 30, de difundi-la por meio do cinema musical, com performances impecáveis de Fred Astaire, Ginger Rogers, Gene Kelly e Vera-Ellen, entre outros. Bill “Bojangles” Robinson, com seus “shuffles” no Vaudeville, foi um dos raros negros que conseguiram romper esse tabu e exibir nas telas seu talento de sapateador, de batuqueiro com os pés. Mesmo assim, na maioria das vezes, como coadjuvante da estrela mirim Shirley Temple.

Mas o stomping, forma popular de sapateado, era dançado por casais nos bailes dos afro-americanos, desde sempre. Da mesma forma que os afro-brasileiros sempre sapatearam nos sambas de roda, nos sambas rurais, nos de umbigada, nos tambores maranhenses e outras formas de batuques nascidos muito antes da chamada abolição. Um refinamento artístico-cultural que poderá desaparecer se aceitarmos, sem resistência, a “modernização” daquele que deveria ser o nosso espaço de perpetuação cultural, as escolas de samba.

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