A voz de Cabo Verde

Conheça a história da Diva Cesária Évora, cantora que foi a voz de Cabo Verde

 

Texto: Oswaldo Faustino | Foto: Cesária Évora/Divulgação  | Adaptação Web Sara Loup

 

Cesária Évora | Foto: Cesária Évora/Divulgação

Cesária Évora | Foto: Cesária Évora/Divulgação

 

Os países lusófonos têm, em comum, muitos outros traços culturais, além da língua da antiga metrópole, Portugal. Na república democrática de Cabo Verde, por exemplo, tem um carnaval que acontece na cidade de Mindelo, a segunda maior do país, na Ilha de São Vicente, que é conhecido por “Brazilim” (Pequeno Brasil). E é dessa mesma cidade que ecoou para o mundo a voz potente de Cesária Évora, a “diva dos pés descalços”. Foi ela quem abriu os nossos ouvidos para ritmos como a morna e a coladeira. A partir daí, conhecemos também o funanáe (o batuque cabo-verdiano), também conhecido por batucadeira.

Apesar de sua extrema timidez, ao subir descalça ao palco, transformava-se na voz do povo, não só de seu país, mas de todo o continente africano. Lembro-me de uma entrevista que o humorista Jô Soares tentou fazer com ela, em seu programa de TV. Não houve gracinha que ele fizesse que a convencesse a responder uma pergunta sequer. Ela apenas abaixava a cabeça, sorria e balançava a cabeça, como quem dissesse “não insista, homem!” Coube a um integrante de seu grupo a missão de conversar com o entrevistador e esclarecer detalhes da cultura de seu povo e da carreira da artista.

Mas quando foi chamada a cantar, deu um banho de “África” nos ouvidos e corações de todos que assistiram o programa. Sua missão era popularizar a morna, abrir os olhos do mundo para Cabo Verde e ajudar a africanizar o planeta. Desde menina, com seus quatro irmãos, cantava ao som do cavaquinho, do violão, ou do violino, tocados por seu pai, Justino da Cruz. Aos domingos, ia cantar na praça principal de Mindelo, com o irmão Lela, que tocava saxofone. Já aos 16 anos, era contratada para se apresentar aos turistas, em bares e hotéis.

Foi assim que conquistou o título de “rainha da morna”. Enquanto o povo festejava, em 1975, a independência do país, Cesária iniciou uma longa batalha, que durou 10 anos, contra o alcoolismo. A década de 1980 já passava da metade quando Cesária Évora aceitou o convite do cantor, conterrâneo seu, Bana (Adriano Gonçalves) para cantar em Portugal, onde ele está radicado há 60 anos. Gravou seu primeiro álbum em Paris, onde fixou residência. Desde então, aos 47 anos,consagrou-se como diva.

Conquistou o Prêmio Grammy de World Music, em 2004, e não faltaram glórias até o dia 23 de setembro de 2011, quando anunciou que encerrava a carreira por problemas de saúde. O ano estava em sua penúltima semana, quando a voz de Cesária Évora calou-se para sempre num hospital de sua terra natal. Ela estava com 70 anos e já não cabia mais num planeta tão pequeno,como o nosso.

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