Bienal de São Paulo aposta na diversidade de linguagens

A Bienal de São Paulo, a segunda maior do mundo depois da de Veneza, aposta em sua 33ª edição por uma exposição sem fio condutor. Com o nome de Afinidades afetivas, busca priorizar a experiência dos visitantes

.Com sete projetos coletivos – com curador próprio – e outros 12 individuais, a mostra reúne 600 obras de mais de 100 artistas. “A gente acredita que qualquer um pode encontrar uma obra, um projeto, uma exposição que lhe dê sentido”, afirma Luciana Guimarães, diretora superintendente da Fundação Bienal.

“Para esta edição, minha meta foi explorar uma alternativa à temática centralizada de curadoria que se tornou o modus operandi inquestionável das bienais de arte contemporâneas”, explica o curador-geral desta edição, Gabriel Pérez-Barreiro. “Invertemos a relação entre curador-tema-artista, ao colocar os artistas no coração do projeto, dando a eles real autonomia dentro da estrutura de curadoria. O poder é distribuído de uma forma mais horizontal, nos afastando de um espetáculo monolítico para uma experiência polifônica”, explica. Vídeos, fotos, pinturas e esculturas, entre outros formatos, compõem a mostra.

As obras estão distribuídas nos três andares do pavilhão, sem orientação de percurso, sob a premissa de que cada espectador deverá construir seu próprio caminho de exploração. Uma argentina assídua da Bienal, Sol Cernadas, contou que, ao entrar no pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, teve a sensação de que o espaço “foi mal aproveitado”, apesar de “haver muitíssimas obras”.

No térreo, a exposição coletiva Sentido comum dá as boas-vindas. “Somos todos diferentes. Cada um vê o mundo de uma forma distinta”, explica o texto introdutório do espanhol Antonio Ballester Moreno, curador dessa proposta em que participam uma dezena de artistas. Milhares de cogumelos de barro se destacam, de diferentes tamanhos e cores, cercados por pinturas. Viva os campos livres, do próprio Ballester Moreno, mostra “como a combinação de alguns elementos produz outros, assim como a chuva, o sol e a terra criam fungos”, explica a descrição.

No segundo andar, Aos nossos pais, com curadoria do uruguaio Alejandro Cesarco, integra obras como fotos de uma mulher olhando pela janela de um trem, pinturas – flores – e desenhos, como o de uma mesa posta. O conjunto “é uma dedicatória, uma oferenda, uma forma de tratamento, uma definição de público. É o reconhecimento do passado e de sua contínua presença no presente”, disse Ballester Moreno.

“Está edição está me surpreendendo, não sei explicar, mas há algo que me intriga”, comenta o ator de teatro Roberto Corbo, de Porto Alegre, que aproveitou uma viagem a trabalho a São Paulo para conferir a bienal. Corbo afirma que a parte que lhe gerou maior “reverberação” foi a exposição Sempre, nunca, curada pela artista Wura-Natasha Ogunji, que busca explorar “o espaço e o lugar em relação ao corpo, à história e à arquitetura”.

You can’t imagine nothing, da inglesa Ben Rivers, destaca-se no outro extremo do andar. Um filme de 16mm com cenas de natureza projetado em um pequeno auditório. No terceiro andar, outras duas exposições coletivas e cinco projetos individuais, entre as quais destaca o Quartzotekário xiv da brasileira Denise Milan, que propõe um diálogo com as pedras. “Se você se sentar de frente para uma pedra, ela vai narrar a história dela para você”, afirma a artista.

Pérez-Barreiro explica que o processo de seleção de artistas durou meses e optou por aqueles “cujo trabalho não poderia substituir com uma etiqueta descritiva (…). Queria trabalhar com um conceito de verdadeira diversidade artística”. A Bienal de São Paulo é visitada por grupos escolares, público não especializado assim como profissionais de arte. “Este projeto pode ter sucesso ou fracassar segundo sua capacidade de gerar experiências em cada um dos visitantes”, diz Pérez Barreiro. (AFP)

Fonte : uai

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