Entrevista com a sambista Graça Braga

Veja trechos da entrevista com a cantora Graça Braga

 

TEXTO: Redação | FOTOS: Divulgação | Adaptação web: David Pereira

A sambista Graça Braga | FOTO: Divulgação

A sambista Graça Braga | FOTO: Divulgação

Samba é sinônimo de alegria e graça, e uma das damas do samba paulista carrega a sua essência no nome: estamos falando de Graça Braga, compositora e intérprete singular, egressa do Samba da Vela.

Em suas performances, sempre traz o melhor da MPB, como Roberto Ribeiro, Elizeth Cardoso, Gonzaguinha, Alcione, Candeia, Martinho da Vila, Elza Soares, Elis Regina, Paulo César Pinheiro, entre outros. Nos palcos, Graça já cantou com artistas do calibre de Wilson Moreira, Luiz Carlos da Vila, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Célia, Zélia Duncan, Roberto Silva, Teresa Cristina, Verônica Ferriani, Nilze Carvalho, Fabiana Cozza, Diogo Nogueira, entre outros.

Graça vem de uma família de músicos. Sua mãe tocava violão e cantava, o tio, Osvaldo Braga, já falecido, cantou por 20 anos em uma orquestra. Ainda pequena, Graça começou a cantar com o avô e depois participou de festivais no colégio, até que, aos 9 anos, veio para São Paulo com a tia e passou a frequentar a escola de samba Nenê de Vila Matilde. “A partir daí comecei a cantar sambas de quadra. Participei como vocal de apoio em discos de diversos artistas e fui conquistando meu espaço. Não tenho alguém ou uma pessoa que tenha me oferecido uma oportunidade única. Elas foram surgindo gradativamente na minha carreira”, orgulha-se Graça.

O ano de 2013 foi de muito trabalho para a cantora. Além de prestar uma elogiada homenagem a Clara Nunes, apresentou músicas do seu CD mais recente, “Dia de Graça – O Samba de Candeia”, tributo ao mestre do samba carioca (1935-1978). O disco tem participação de convidados como Leci Brandão e Marcos Sacramento. “É um presente homenagear Candeia. Sempre fui sua fã. Foi difícil escolher as músicas, porque o repertório dele évasto”, admite.

O trabalho autoral também permeia sua carreira. Em 2007, lançou “Eu sou Brasil”, álbum premiado em 2009 com o Troféu Catavento, oferecido pela Rádio Cultura, nas categorias melhor produção independente de sambae melhor música, com “Dona do Samba”, que inclusive se tornou o apelido carinhoso de Graça desde então. Fora da música, mas não tão distante dela, a cantora mantém há 10 anos a animada casa de samba Você Vai Se Quiser, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, famosa pela feijoada e, claro, pelas rodas de samba.

"Não há nada como o antigo samba, com mais conteúdo, com poesia, alegria, tristeza e, às vezes, com histórias engraçadas" | FOTO: Divulgação

“Não há nada como o antigo samba, com mais conteúdo, com poesia, alegria, tristeza e, às vezes, com histórias engraçadas” | FOTO: Divulgação

Vejo trechos da entrevista com a sambista Graça Braga

Você participou de um álbum que concorreu ao Grammy Latino. Qual foi a sensação de participar do prêmio?

Foi uma grande honra e emoção concorrer ao Grammy Latino 2013 com a coletânea “Herivelto Martins – 100 anos”, que foi indicada à categoria de melhor disco da MPB. Foi um trabalho maravilhoso, produzido com tanto capricho pelo Thiago Marques Luiz. E também me permitiu estar ao lado de grandes estrelas da nossa música, como Cauby Peixoto, Gilberto Gil, Emílio Santiago, Jair Rodrigues, Agnaldo Rayol e talentos da nova geração. Cantei a faixa “Praça Onze”. Não cheguei a ir a Las Vegas (EUA), mas fiquei daquina maior torcida. Quem acabou levando o prêmio nesta categoria foi Maria Rita, com o disco “Redescobrir – Ao Vivo”.

Como você avalia o samba dos tempos modernos?

O samba mudou, mas continua representando a nossa cultura e identidade nacional. É como dizia Nelson Sargento: “Agoniza, mas não morre”. Não há nada como o antigo samba, com mais conteúdo, com poesia, alegria, tristeza e, às vezes, com histórias engraçadas. A mídia intitula o samba de hoje de pagode. É mais uma reunião de amigos, uma festa, e não um ritmo. Eles se preocupam com um certo romantismo, mas chega a ser cansativo. Quase não se ouve um samba de partido alto, samba de breque, sambas de roda e tantas outras vertentes. Os sambas de antigamente tinham mais batucada. Hoje mudaram a sonoridade ao incluir teclados, guitarras, e se esqueceram umpouco da percussão, que dá a verdadeira sonoridade ao ritmo. Apesar de existirem grandes oportunistas forçando barra, gente querendo “inventar sem ligar para criação”, como dizia o mestre Marçal, o samba é forte, resistente. Tanto é que o modismo vai e o samba permanece, graças a deus. Para mantê-lo vivo, temos que sempre ter um Paulinho da Viola, um Martinho da Vila, um Arlindo Cruz, um Mauro Diniz.

Há quanto tempo você tem a casa de samba “Você vai se quiser”? Como surgiu a ideia de montar um estabelecimento que, além de negócio, também é lazer?

Em abril completa 10 anos. Vamos comemorar com uma grande festa, que estamos preparando, com muito carinho e uma programação muito animada. O “Você vai se quiser” fica localizado na Praça Roosevelt, no Centro de São  Paulo. Lá você encontra um clima de fundo de quintal, com rodas de samba que ocorrem diante de um público muito eclético e familiar, que contrasta com o gigantismo dessa nossa metrópole. Tenho o maior orgulho desse espaço, pois já passaram por lá grandes nomes da nossa música popular. Recebo nãoapenas a comunidade do samba e seus admiradores, mas também esportistas, ministros, artistas em geral, jornalistas, estudantes, turistas e todos que gostam de boa música. A cada fim de semana, recebemos cerca de 600 pessoas por dia. A feijoada, famosa, é o nosso prato principal, mas temos umcardápio com comida caseira brasileira muito apreciado e cerveja gelada a preços muito acessíveis.

E quais os seus planos para este ano?

Devo gravar meu terceiro álbum, homenageando as compositoras do samba. Fora isso, pretendo fazer uma turnê com os shows “Damas do Samba”, além de mais dois projetos que estão quase fechados. Também está nos meus planos gravar um DVD com convidados mais que especiais, e participar da gravação de DVD de dois grupos ainda mantidos em segredo, por enquanto.

Quer ver esta e outras entrevistas e matérias da revista? Compre esta edição número 187.

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