ESPM discute representatividade negra na publicidade

Jana Guinond, Luciana Cruz e Monica Francisco – Brenno Carvalho / brenno carvalho

Estudo realizado pelo Instituto Etnus, em 2015, mostra que apenas 0,74% dos cargos de alta direção nas agências de publicidade do país são ocupados por negros. Em função disso, empresas responsáveis por apresentar produtos e serviços para estes consumidores têm dificuldade de se comunicar com eles — uma parcela da população que representa 54% dos brasileiros, segundo dados do último levantamento do IBGE, também de 2015. O curso de extensão “Me representa! Marcas e representatividade”, oferecido pela Escola Superior de Propaganda Marketing (ESPM), e com início previsto para 23 de março, vem para suprir essa lacuna, segundo os organizadores.

A iniciativa, inédita na universidade, pretende discutir e articular ações efetivas pela maior inclusão dos negros nas peças publicitárias — tanto na forma como são retratados como na criação. Faz parte da proposta do curso, inclusive, a elaboração de um manual de boas práticas contra a discriminação, que será elaborado pelos próprios alunos com a consultoria dos seis professores envolvidos no projeto.

— Ter a oportunidade de discutir a questão racial numa faculdade que nasceu do mercado publicitário é uma revolução. O avanço tecnológico ajudou a dar voz aos grupos identitários. Hoje o consumidor tem poder e quer se ver representado — analisa Luciana Cruz, coordenadora de criação da ESPM-Rio.

Fazem parte do corpo docente Katia Santos, pós-doutorada em Estudos Culturais, doutora em Letras e ex-assessora de estudos étnico-raciais da Fundação Cultural Palmares; o publicitário e ex-secretário de Promoção da Igualdade Racial da cidade de São Paulo Maurício Pestana; a socióloga e pesquisadora Monica Francisco; o doutor em Engenharia de Produção e mestre em Comunicação Científica e Tecnológica Judson Nascimento; a atriz, pedagoga e youtuber Jana Guinond; e o redator publicitário, produtor cultural e mestrando em Economia Criativa Fábio Maia.

— O retrato do negro na mídia é muito caricato. Esse curso é histórico porque a presença física do negro dentro da escola é um ato político, simbólico, que inaugura uma relação de proximidade que falta aos alunos para que eles compreendam os anseios e desejos dessa parcela da população. Contam-se nos dedos os professores e alunos negros nas universidades de publicidade. Estabelecer esse exercício de troca de experiências dentro de um espaço que tem como missão pensar a sociedade é proporcionar uma vivência que é completa e essencial à formação — pondera Monica.

Jana Guinond vai além e sonha com o dia em que a preocupação genuína de bem servir à maioria da população se torne ementa obrigatória do curso.

— Além de tudo, ainda estamos no período declarado pela Organização das Nações Unidas como a Década Internacional dos Afrodescendentes. O ideal é que um curso como este fizesse parte da grade curricular de todas as faculdades de Publicidade — diz Jana.

O curso custa R$ 660 e pode ser pago à vista ou em seis parcelas de R$ 110. Inscrições pelo site .

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