Homenagem ao sambista Martinho da Vila

O projeto Sambabook convidou grandes nomes da música brasileira para interpretar os sucessos de Martinho da Vila. Confira

 

TEXTO: Redação | FOTOS: Divulgação | Adaptação web: David Pereira

O homenageado ao lado de Paulinho da Viola, que abre o DVD e o CD-1 com “Quem é do mar não enjoa” | FOTO: Divulgação

O homenageado ao lado de Paulinho da Viola, que abre o DVD e o CD-1 com “Quem é do mar não enjoa” | FOTO: Divulgação

A vida e obra de Martinho da Vila é tema de homenagem do projeto Sambabook, que reúne a nata da velha e da nova geração da MPB, interpretando com grande sensibilidade as canções que fizeram os 45 anos de carreira desse que se destaca como um dos maiores divulgadores do Samba e das raízes da cultura afro-brasileira.

A Musickeria realiza mais um projeto Sambabook, apresentado pela Petrobras. O projeto de Diogo Nogueira, Afonso Carvalho, Flávio Pinheiro, Luiz Calainho e Sergio Baeta, produzido pelo Canal Brasil, Casa da Palavra e patrocinado pelo Itaú Cultural, percorre a mesma trilha dos Songbooks de Almir Chediak e do Real Book, de jazz. Mais contemporâneo e com foco nos grandes sambistas brasileiros, o Sambabook homenageou Martinho da Vila em 2013, ano em que comemorou 75 anos de vida, talento e muita ginga.

Essa superprodução engloba um pacote de produtos composto por dois CDs com 12 músicas cada; DVD com 24 música, duas faixas bônus e Extras (Making of ); Blu-Ray; livro “discobiográfico” por Hugo Sukman; além de um fichário com partituras de 60 sambas de autoria de Martinho em seus 45 anos de carreira. O primeiro Sambabook, lançado em 2012, homenageou João Nogueira e vendeu cerca de 100 mil cópias dos diversos produtos oferecidos pelo projeto.

Diretamente de Montevidéu em entrevista exclusiva para Raça Brasil, Martinho da Vila fala um pouco sobre a experiência dessa nova proposta de registrar e homenagear o sambista, o samba e a própria cultura popular brasileira:

Veja trechos da entrevista com Martinho da Vila

Fale um pouco sobre a importância que você vê no projeto Sambabook.

É tocante a importância e o alcance que esse trabalho do Sambabook tem. É um marco histórico. Uma forma de registrar, de marcar o reconhecimento de uma parte da história da música popular brasileira e, particularmente, no que se refere ao Samba. A idéia toda é muito original. O primeiro foi com o João Nogueira. E isso faz diferença. É bom para o samba, porque o samba sempre foi discriminado, não tinha cidadania. Foi com Noel Rosa que o samba desceu o morro para o asfalto, mas sempre houve muita resistência. Nunca ocupou um patamar importante.

Martinho com Paula Lima, que no projeto interpreta “Grande Amor” | FOTO: Divulgação

Martinho com Paula Lima, que no projeto interpreta “Grande Amor” | FOTO: Divulgação

Pensando um pouco na sua trajetória, a que o senhor atribui o seu sucesso em tempos tão difíceis, particularmente para a cultura negra, como na época da ditadura militar? 

Eu não sei muito como definir isso, foi acontecendo. O meu tipo de música não era um produto de consumo normal. Não participava comumente de eventos e festivais… E eu fui o veículo de tudo isso. Os grandes momentos musicais não contavam com a participação de sambistas, exceto em alguma homenagem apadrinhada. Grandes nomes desse nosso estilo morreram em situação precária de vida: Pixinguinha, Ismael, Cartola, Clementina. Hoje existem pessoas defendendo teses e dissertações de pós-graduação sobre o meu trabalho, o caminho trilhado por mim. Durante essa minha trajetória nós fomos lutando, contando a história do negro. Eu mesmo escrevo livros nesse sentido. Inclusive houve o lançamento domeu livro “O Nascimento do Samba”…

Fale-nos um pouco sobre a literatura em sua vida. O “Nascimento do Samba” é o mais recente de sua autoria, cujos estilos são variados e abrangem romance, ficção, biografia para adultos e literatura infanto-juvenil. Você também tem dois livros traduzidos para o francês.

Eu já estou no meu décimo segundo livro, porque gosto de passar as minhas idéias e reflexões. Esse trabalho foca o público infanto-juvenil e utiliza uma família – um casal e três filhos – para resgatar a história do Samba. Escrevi de uma maneira nada didática, ficou bem divertido. De qualquer forma, nós já temos grandes escritores escrevendo sobre as questões da nossa origem: Ney Lopes, Joel Rufino, Aroldo Costa.

Como você se sentiu com a escolha dos intérpretes para o Sambabook? E quanto aos resultados, acompanharam as suas expectativas?

Foi tudo muito tranqüilo. Quase todos já tinham uma ligação comigo, seja de forma direta ou indireta. Até mesmo a Pitty, que aparentemente não tem nada a ver com o samba cantou lindamente uma canção até bastante difícil de ser trabalhada. Outro ponto interessante foram os arranjos que buscaram recriar os originais, ficando, assim, bem próximos. Quanto aos resultados, eu não sou muito de criar expectativas (risos), mesmo quando faço um samba, eu não fico pensando se vai ser um sucesso, se as pessoas vão cantar, se as rádios vão tocar… Eu só penso em fazer… Depois ele vai ter sua vida própria. Eu tinha visto o resultado do Sambabook do João Nogueira e pensei, vai ficar bem bonito. Foi além. O livro que acompanha a trajetória e analisa a discografia é uma beleza, um trabalho de pesquisa muito bacana do Hugo Sukman. Em resumo, tô Feliz!!

Quer ver esta e outras matérias da revista? Compre esta edição número 179.

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