JOÃO DA BAIANA E O SAMBA

Saiba um pouco da história do sambista João da Baiana

 

Texto: Oswaldo Faustino | Foto: Divulgação | Adaptação web Sara Loup

 

João da Baiana | Foto: Divulgação

João da Baiana | Foto: Divulgação

Diga aí, rapidinho, um instrumento que te faz lembrar o samba. Se você disse pandeiro, sem dúvida, é quase impossível dissociar este instrumento da manifestação cultural maior do nosso povo. Mas sabia que o pandeiro nem sempre foi parte dos instrumentos do samba? Pois é, esse remanescente de antigos instrumentos musicais das culturas asiáticas, européias e africanas e que aqui chegou pelas mãos dos portugueses, só caiu no samba graças a João da Baiana.

Ele próprio, conhecido por fazer o ritmo nas rodas de samba do início do século XX, raspando uma faca num prato. Neto de escravizados, João Machado Guedes, nasceu um ano menos quatro dias , antes de a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea. Era o 12º filho de Perciliana Maria Constança, a Tia Perciliana de Santo Amaro, uma das famosas baianas mães de santo (iyalorixás) da Cidade Nova, na convergência entre o centro e a zona norte, no Rio de Janeiro.

Único carioca dos irmãos, todos baianos, João aprendeu logo cedo o que era viver clandestino para poder fazer samba e os rituais do Candomblé, ambos proibidos e reprimidos severamente pela polícia.A história de sambista e compositor de João da Baiana que teve sua corima Ke-ke-ré-ke-ké gravada em 1940 pelo maestro Leopold Stokowski, que recolhia música brasileira para ser estudada nos Estados Unidos já vimos aqui em nossa seção Gingas do Brasil, assinada e ilustrada pelo talentoso Leandro Valquer.

Em momentos nostálgicos, porém, penso no João que, trabalhando de fiscal no Cais do Porto, recusou o convite para integrar Os Oito Batutas, de Pixinguinha, para a turnê em Paris. Oportunidade que jamais se repetiu. Penso no João artista plástico, criando telas inspiradas nos antigos carnavais e nos folguedos populares, que só existiam em suas memórias. No João recolhido à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá, onde morreu dois anos depois, em 1974. E no João que raspava a faca no prato e que botou o pandeiro pra sambar.

 

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