O mundo na cabeça

O cabelo é mais que o adorno do rosto. Os cortes e penteados dizem mais sobre quem somos do que qualquer outra coisa. São, muitas vezes, o nosso cartão de identidade. E, é por meio dele que parecemos carregar o mundo na cabeça.

Um determinado tipo de trança, o comprimento do cabelo, o desenho de um dreadlocks e o formato de um turbante podem, por exemplo, informar que religião determinada cabeça pratica.

Eu fico me perguntando que cuidados especiais são tomados por determinados grupos de pessoas que mantem, por longos períodos, o cabelo de um modo específico por questões religiosas. Me pergunto também sobre o desafio cotidiano de resistência para lidar com a intolerância religiosa e impor respeito.

Como as mulheres que costumam cobrir o cabelo com lenços, cuidam das madeixas? Que cuidados são tomados por pessoas que passam por rituais de iniciação quando é comum raspar a cabeça? Que produtos os rastafari usam para que os dreadlocks cresçam saudáveis?

O “santo” Google simplesmente é incapaz de responder e eu que tenho pouco conhecimento do assunto, achei mais prudente me colocar no lugar dessas pessoas e imaginar o que eu faria.

Se eu usasse por longos períodos o meu cabelo coberto por lenços ou perucas, certamente buscaria materiais naturais, sempre que possível, para que o couro cabeludo e o próprio cabelo pudessem respirar. O secador seria meu grande aliado. Aprenderia a fazer uma infinidade de coques, tranças, toucas e muita massagem com óleos e umectação noturna para estimular o couro cabeludo.

 

 

Por duas vezes cortei meu cabelo bem curto e em outras duas situações raspei as laterais. Nessas ocasiões me senti muito exposta. Obviamente é muito diferente de raspar a cabeça toda. Mas, se passe por esta situação, meu primeiro cuidado seria proteger cabeça. Proteger do sol, da poluição e do toque de outras pessoas. Então, provavelmente usaria um lenço de algodão ao sair na rua e não dispensaria filtro solar. Em casa, cuidaria com sabonetes e/ou shampoos neutros, sem corantes, sem cheiro e óleos vegetais e massagens na raiz.

 

Ahh os dreads. Eu simplesmente tenho muita vontade de usar dreadlocks. Primeiro porque acho muito bonito esteticamente e segundo porque me passa imediatamente uma sensação de resistência. Certamente leva muito tempo para apresentar uma cabeleira linda com dreads. Cera de abelha parece fundamental e no dia a dia, apostaria em produtos naturais ou ao menos livres de derivados de petróleo para não acumular nos fios. Toalhas de microfibra para secar e secador em baixa potência para acelerar a secagem sem queimar os fios. Em dias de verão, idas à praia ou exposição maior ao sol, não dispensaria filtro solar.

Neste exercício descobri que o mais importante é respeitar cada indivíduo, suas escolhas religiosas e culturais e enxergar a riqueza de “cada mundo” que carregamos na cabeça.

E você, é adepto alguma religião? Mantem o cabelo de determinada forma por questão religiosa? Compartilhe opiniões e dicas. Deixe comentários!

 

Rachel Quintiliano

Jornalista, pós-graduada em comunicação e saúde, consultora na área de comunicação, planejamento e sistematização com foco em saúde, gênero e raça e empreendedora do ramo de cosméticos

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Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.

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