O trabalho do contrarregra

Oswaldo Faustino conta a história de Delanir Dias Cerqueira, profissional da contrarregragem

 

TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTOS: Divulgação | Adaptação web: David Pereira

O trabalho do contrarregra | FOTO: Divulgação

O trabalho do contrarregra | FOTO: Divulgação

Em seus 38 anos de profissão, o carioca Delanir Dias Cerqueira – “Delana” para os amigos – convive com o universo do audiovisual e já participou de mais de 60 longas metragens nacionais e estrangeiros, curtas, filmes publicitários e institucionais, documentários, videoclipes e programas de televisão. Cineasta, escritor, artista plástico e professor, ele documentou seus conhecimentos e experiências com o objetivo de ajudar profissionais da contrarregragem em início de carreira. Assim, nasceu o “Manual do Contrarregra”, um livro que detalha passo a passo as atividades desse técnico de cinematografia.

Delanir explica que o contrarregra geralmente é autodidata, como a maioria dos técnicos na área de cinema. Aprende tudo no dia a dia, no set de gravações. Daí a razão para ele escrever essa obra. “Durante minha vivência, grande parte dela como contrarregra-chefe em diversas filmagens, e também como diretor de documentários, concluí que o mínimo de formação e informação é necessário para o bom desempenho. Isso evita atrasos, perda de qualidade e grandes prejuízos numa produção. Essa é a principal razão de minha obra”.

Para o diretor Walter Lima Jr., “o contrarregra é o apoio fundamental da cenografia e sem este profissional, com um trabalho rigoroso, toda a credibilidade da cena se desfaz”. É esse o papel que Delanir desempenhou, com rigor e profissionalismo, em marcos da retomada do cinema nacional, como Carlota Joaquina, de Carla Camuratti, O Quatrilho, de Fabio Barreto, Mauá, o Imperador e o Rei, de Sergio Resende e Tiradentes, de Oswaldo Caldeira.

Não por acaso, obras que reproduziram épocas distintas do passado, em que um único deslize tornaria o filme inverossímil.

O profissionalismo de Delanir o levou a trabalhar em produções como “O Quatrilho”, filme brasileiro indicado ao Oscar em 1995 | FOTO: Divulgação

O profissionalismo de Delanir o levou a trabalhar em produções como “O Quatrilho”, filme brasileiro indicado ao Oscar em 1995 | FOTO: Divulgação

Cerqueira ressalta que, para ele, o prazer maior foi trabalhar em produções de temática afro, como “A Deusa Negra”, de Olá Balogum, “Chico Rei”, de WalterLima Jr., “Quilombo”, de Cacá Diegues e Massacre de Batepá, do angolano Orlando Fortunato, filmado na capital de São Tomé e Príncipe, em 2009, em que atuou como assistente de arte. Nesse mesmo país, ele próprio produziu e dirigiu, no ano passado, o documentário “Etu mwangola, nós somos angolanos”.

Por seu histórico profissional é convidado constantemente a ministrar oficinas culturais e cursos, em especial em comunidades do Rio de Janeiro. Foi também o chefe dos contrarregras nos Jogos Mundiais Militares, em 2011. “Os grandes eventos esportivos, não só a abertura e o encerramento, mas mesmo durante o seu desenrolar, são uma área de atuação profissional que vem crescendo cada vez mais e mais. E não nos damos conta disso”, alerta Delanir Cerqueira.

“Por dez anos, fui coordenador e professor voluntário de Cultura e Cidadania nos núcleos da Zona Oeste do curso Pré-vestibular para Negros e Carentes”, revela, e acrescenta: “Sou o guerreiro que nunca dorme!”. Assim se apresenta esse profissional de cinema que vive em Niterói, no Rio de Janeiro, e quefaz questão de se afirmar rastafariano. Mesmo sem usar dreadlocks, um fiel devoto de Jah.

 

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