Releituras de Zeca Pagodinho

O projeto Sambabook convidou grandes nomes da música brasileira para interpretar os sucessos de Zeca Pagodinho

 

TEXTO: Daniel Keny | FOTOS: Marcio Isensee e Sá e Guto Costa | Adaptação web: David Pereira

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Roberto Sá, Zeca Pagodinho e Emicida | FOTO: Marcio Isensee e Sá

Roberto Sá, Zeca Pagodinho e Emicida | FOTO: Marcio Isensee e Sá

Existem pessoas que nasceram para fazer música. É quase impossível imaginá-las trabalhando de terno e gravata em um escritório, vendendo seguros ou pilotando um avião. Neste seleto grupo de artistas, encontra-se o sempre carismático e bem-humorado Zeca Pagodinho, um dos maiores expoentes do samba no Brasil. Com 30 anos de estrada completados em 2013, Zeca era tão convicto de que tiraria do samba o seu sustento que, na quarta série, abandonou a escola. Ainda menino, sabia que só havia um futuro possível: a música. Nos anos 1970, já adolescente, foi feirante, camelô, office- -boy e anotador de jogo do bicho. Sua carreira só começou a decolar na década de 80, com o primeiro sucesso “Camarão que Dorme a Onda Leva”, na voz de Beth Carvalho. De lá pra cá, vendeu mais de 10 milhões de discos, marca que o faz figurar entre os maiores artistas da música popularbrasileira, e ainda foi indicado ao Grammy oito vezes, tendo conquistado quatro, tornando-se o grande vencedor na categoria “Melhor Álbum de Samba Pagode”.

Com uma carreira tão bem-sucedida – sem falar na personalidade descontraída que é – Zeca foi o personagem perfeito para o terceiro volume da já consagrada série Sambabook, que reúne nomes destacados da MPB interpretandocanções de um grande compositor, realizada pela produtora Musickeria. O cantor participou da primeira edição do projeto entoando a música “Do jeito que o rei mandou”, de João Nogueira, e esteve nos bastidores das gravações com Martinho da Vila. Assim como aconteceu com os homenageados anteriores, a produção escalou um time de primeira para cantar os sucessos de Zeca.

As gravações aconteceram no Rio de Janeiro, no final de 2013, e nomes como Beth Carvalho, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lenine, Arlindo Cruz, Djavan, Frejat, Emicida, Maria Rita, Marcelo D2 e Alcione compõem a rica lista de intérpretes. Presente na maioria das gravações, Zeca demonstrou-se feliz com o resultado. “Achei muito legal, resgatou músicas da minha carreira que eu nem lembrava mais. Aí a gente ouve e vai lembrando porque aquela música existe, como foi feita… Passa um filme na cabeça”, disse à Raça.

Zeca Pagodinho, Lenine e Diogo Nogueira | FOTO: Guto Costa

Zeca Pagodinho, Lenine e Diogo Nogueira | FOTO: Guto Costa

O cantor Diogo Nogueira, embaixador do projeto, relembrou o clima das gravações. “Sempre rola muita emoção. Na gravação do Sambabook do Zeca não foi diferente, percebemos a alegria, a felicidade dele com a chegada decada artista que estava lá especialmente para prestigiá-lo e para dizer o quão importante a obra dele é”. Sobre ter artistas de diferentes estilos cantando as suas canções, Zeca foi direto: “A música não tem fronteiras. Sendo boa, está valendo! O dia que não pude ir foi a gravação do D2. Mas é uma satisfação ter ele e todos os outros entre os convidados. Uma coisa legal também foi que conseguimos colocar o Gabrielzinho do Irajá, cria nossa, pra cantar uma música”, contou.

Diogo ressalta a importância do Sambabook na perpetuação da obra artística dos homenageados, uma ideia que nasceu para homenagear o seu pai, João Nogueira, e deu tão certo que continuou com outros grandes nomes do samba. “Foi emocionante, desde o início, até ver o resultado final. Perceber a alegria dos artistas, dos fãs e de toda a família, nos dá a certeza de que estamos fazendo algo muito especial, para ajudar a perpetuar, mesmo. Fico imaginando, em breve, as crianças aprendendo música nas escolas e tendo o Sambabook como material didático”, disse.

O “Sambabook Zeca Pagodinho” vai trazer CD, DVD, Blu-ray, livro de partituras, uma “discobiografia” e um aplicativo para smartphones. Para Zeca, a diversidade de mídias e formatos disponibilizada é uma chance de mostrar o samba, o seu samba, aos mais jovens também. “A ideia realmente é essa. Tem muita informação agregada à música, pra falar a verdade, nem eu mesmo sabia no começo o tamanho do projeto. O resultado eu curti demais. Acompanhei a fundo o processo de produção e adorei!”.

 

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