Orgulho, legado e fé

Toda pessoa é livre para expressar suas crenças e cultos, assim como não é obrigada a exercer ou expressar qualquer culto. Cada um de nós tem o direito fundamental e inviolável à liberdade de crença, ao livre exercício dos cultos religiosos e ainda, à proteção aos locais onde se realizam os cultos e suas liturgias.

É crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Segundo dados oficiais do canal “Disque 100”, os ritos de matriz africana, como os do Candomblé e da Umbanda, continuam sendo os mais hostilizados. De acordo com o doutor em semiótica e babalorixá Sidnei Nogueira, o racismo religioso, termo usado para nomear as perseguições às comunidades tradicionais de terreiro no Brasil, condena a origem, a existência e a relação entre uma crença e sua origem preta.

O racismo religioso coloca as representações da ancestralidade africana em um lugar de menor valor. Curiosamente, a indústria da moda se utiliza cada vez mais de vestimentas, estampas, símbolos e adornos que compõem a indumentária de religiões de matriz africana, mas sem o devido reconhecimento de sua história e origem.

Elementos que enaltecem e caracterizam a religiosidade ancestral são apropriados e descontextualizados, o que permite sua aceitação e consumo em larga escala. Por outro lado, quando a religiosidade africana é a inspiração para a moda produzida por pessoas negras que a respeitam e valorizam, o resultado são criações de exuberante beleza.

Os saberes, tecnologias, estética e religiosidade trazidos pelos nossos ancestrais africanos são herança que todos os brasileiros deveriam conhecer e se orgulhar. Assumir e valorizar este legado e não apenas apropriar-se de parte dele, é processo fundamental para o desenvolvimento do país. Axé!

Texto: Camila Torres e Cauê Ranzeiro – Instituto Formação Antirracista