Revista Raça Brasil

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Entre o amor e a resistência, Djavan celebra novo álbum e fala sobre ser negro no Brasil

Com quase 50 anos de carreira, Djavan segue sendo uma das vozes mais poéticas e potentes da música brasileira. Aos 76 anos, ele lança “Improviso”, seu novo álbum, e prova que o tempo só aprimora quem faz da arte uma extensão da alma.

“Compor é doloroso”, ele confessa. “Mas é essa dor boa que me faz continuar. O desafio é o que me move.”

Um reencontro com o passado

Entre as novidades do disco, há uma faixa com uma história que atravessa décadas. Nos anos 1980, Djavan foi convidado por Quincy Jones a compor uma música para Michael Jackson. Ele escreveu, mas acabou enviando tarde demais — o álbum “Bad” já estava sendo finalizado.

“Quando o conheci, Michael parecia um passarinho assustado. Foi um encontro estranho, mas bonito”, lembra.

Agora, quase 40 anos depois, essa canção ganhou vida sob o nome “Pra Sempre”, como uma homenagem ao ídolo que o inspirou.

Arte como resistência

Em “Improviso”, Djavan fala de amor, fé, perdas e também sobre o peso de ser um homem negro num país que ainda insiste em desigualdades.

“O negro precisa cavar, brigar, ter muita raça pra chegar onde quer”, diz com firmeza. “Sempre tive que lutar em dobro. Mas continuo. Porque sempre continuei.”

O cantor, que já foi rotulado como “letrista sem sentido”, diz ter aprendido a rir das críticas.

“Ser diferente sempre foi minha força. Eu nunca quis me encaixar.”

O amor que atravessa o tempo

O álbum também traz homenagens a Gal Costa, além de músicas que celebram o amor em suas várias formas.

“Amar é infinito. Dá pra falar disso pra sempre, porque o amor muda o tempo todo”, diz Djavan, com a serenidade de quem enxerga poesia até no silêncio.

Mesmo após tantos anos de carreira, ele ainda se emociona ao ver jovens descobrindo suas músicas.

“Tem gente de 12 anos ouvindo Djavan. Isso é lindo demais. Me faz sentir que valeu a pena.”

E, claro, ele não pensa em parar. Uma nova turnê está a caminho — “A Voz, o Violão, a Música de Djavan” —, prevista para estrear em maio de 2026.

“A grande volúpia da minha vida é fazer música. É isso que me sustenta, que me mantém vivo.”

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