Ex-cadete acusa Exército de prática de racismo

Maurício Nascimento afirma ter sido expulso injustamente quando ia se formar aspirante a oficial da Academia Militar das Agulhas Negras

Há 17 dias de se formar aspirante a oficial da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Tio de Janeiro, o cadete Maurício do Nascimento recebeu de um capitão a notícia de que seria desligado da academia e que o ato era resultado de uma sindicância.

Mais de 46 anos depois do ocorrido, Nascimento afirma ter sido vítima de racismo durante a formação no exército. Ele alega ter sido perseguido por agentes da ditadura militar que exerciam influência sob a Aman. Em reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, Nascimento explicou que quer a anulação do processo de sindicância que o excluiu da Academia.

De acordo com Maurício Nascimento, ele não teve ao relatório de sindicância que teve sua expulsão como resultado. Ele tenta desde 1995 reverter a expulsão, recorrendo aos comandantes da Aman, ao exército, ao ministro da Defesa de Jair Bolsonaro e em governos passados, assim como já tentou recorrer ao colega de turma, Hamilton Mourão, que conseguiu se formar em 1975.

Em 1998 ele conseguiu acesso à documentação que mostra que a sindicância durou apenas 24 horas, apontando que Nascimento tinha falta de “aptidão moral”. Para ele, houve diferença no tratamento com relação aos outros investigados, que sofreram punições mais leves. A sindicância investigou que catetes suspeitos haviam colado nas provas, mas as punições aplicadas foram diferentes. Nove dos acusados cumpriram pena de prisão administrativa de até 3 dias por “cola”.

Nascimento nega ter colado e diz que sua exclusão é fruto de racismo, por ele ser uma homem questionador. Além disso, Maurício Nascimento diz que era classificado pelos oficiais do curso de Infantaria como sendo do partido de oposição à ditadura. Testemunhas afirmam que nunca ficou evidente os motivos que levaram à expulsão do ex-catete, que tinha como apelido o nome de “Gasolina” ou “Gasosa”, referência a um cantor negro da década de 50 e 60.

Agora, tudo o que Maurício Nascimento espera é limpar seu nome e não ficar tachado como alguém sem “aptidão moral”.

Comentários

Comentários

About Author /

Start typing and press Enter to search

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?