Literatura negra, marginal e periférica na Bienal do Livro

Literatura negra, marginal e periférica marcam presença na Bienal Internacional do Livro que começa amanhã em São Paulo

A resiliência de autores que produzem literatura negra, marginal e periférica é algo a ser celebrado, especialmente na véspera da maior feira de livros do país. Bienal Internacional do Livro de São Paulo abre as portas para o público no próximo sábado (2/07).

É importante destacar que a Bienal acontece em um momento de aquecimento do mercado editorial. Segundo os dados do “Painel do varejo de livros no Brasil”, produzido pelo Sindicato dos Editores de Livros em parceria com a Nielson Bookscan Brasil, em março de 2020, ano em que começou a pandemia de Covid-19, foram vendidos 2.823.411 livros. Em março de 2021, 4.088.313 e no mesmo mês deste ano, 4.395.890 unidades.

Infelizmente, os dados não informam a raça/cor de autores e autoras dos livros vendidos. Contudo, em um país demarcado pelo racismo estrutural é de suspeitar que escritores/as negros/as possam estar sub-representados/as nos números. 

Um dos indicadores que podem reforçar essa tese é a lista dos cem livros mais vendidos na principal loja virtual do gênero. Apenas dois são, de autores negros conhecidos. “Torto e Arado”, de Itamar Vieira Junior, aparece em 90º posição e “Pequeno dicionário antirracista”, de Djamila Ribeiro, número 97 na lista. Outros dois livros que falam de tema correlato a negritude, população negra e/ou escravizada aparecem em 10º e 79º lugar e são de Laurentino Gomes. 

Ainda que esses autores e autoras encontrem barreiras imensas para publicar suas criações em um país que se esforça para distanciá-los de qualquer possibilidade de ascensão, gradualmente, com muita resiliência vão contando histórias que ajudam a entender o Brasil e a população brasileira. 

Presença na Bienal

Nos oito dias de evento, a “Arena Cultural”, espaço de diálogo e encontro com autores, receberá mais de dez autores dedicados à produção feita por pessoas negras, para pessoas negras, sobre pessoas negras, literatura marginal e periférica, em suas diferentes linguagens e formas de expressão. 

Entre os destaques estão, Paulina Chiziane, premiada escritora moçambicana; Laurentino Gomes, jornalista e escritor; Stefano Volp que é roteirista e tradutor; Lázaro Ramos aclamado o ator, diretor e escritor; o jovem escritor norte-americano, Nathan Harris; Itamar Vieira Junior escritor premiado e uma das mais relevantes escritoras brasileiras da atualidade, Conceição Evaristo, entre outros.

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Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.

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