Morre Vital Nolasco, liderança negra que lutou contra o regime militar de 64

O Brasil perdeu nesta quarta-feira uma grande liderança política negra. Vital Nolasco, operário aposentado e ex-vereador da cidade de São Paulo, faleceu aos 75 anos, no Hospital Samaritano, onde estava internado havia 14 dias para tratar de uma fibrose pulmonar.

Vital será velado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, no bairro da Liberdade. A seu pedido, o corpo será cremado.

Nascido em Belo Horizonte (MG), em 1946, Eustáquio Vital Nolasco iniciou seu ativismo político na Juventude Operária Católica (JOC), integrando a resistência ao criminoso regime militar (1964-1985). Em 1968, participou da histórica greve dos metalúrgicos de Contagem – uma das primeiras no Brasil a denunciarem a ditadura.

Com seu nome “fichado” pelos órgãos de repressão, deslocou-se para São Paulo. Mesmo assim, foi preso e barbaramente torturado. Da JOC, Vital passou para a Ação Popular (AP) e, em 1972, para o PCdoB – Partido Comunista do Brasil, ainda clandestinamente. Ajudou o Movimento contra a Carestia e depois retomou a atividade fabril. Foi da oposição e, depois, da direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi.

Graças, sobretudo, ao voto de operários, comunidade negra e de outras frentes que atuava, foi vereador de São Paulo por dois mandatos (1989-1996). É de sua autoria a lei que criou o “passe livre” para trabalhadores desempregados. O mandato também realizou uma memorável homenagem ao líder sul-africano Nelson Mandela, que veio especialmente a São Paulo e participou da sessão solene. Também de o título de cidadania a Maria do Carmo Jerônimo mulher negra que na época era mais velha do mundo e havia nascida escrava, título essa na qual o nosso CEO na época cartunista Maurício Pestana fez parte da cerimônia

Aposentado das fábricas, exerceu diversas tarefas partidárias. Foi presidente do PCdoB São Paulo (1997), secretário nacional de Movimentos Sociais (1997-2003) e, depois, secretário municipal de Movimento Sindical (2015-2021). Em 2016, foi lançada sua biografia, “Vale a Pena Lutar – Minha Vida na Ação Popular (AP) e no Partido Comunista do Brasil (PCdoB)”. O livro foi narrado por Vital e organizado pelo jornalista Osvaldo Bertolino.

Vital foi um dessas liderança que influenciaram gerações pela abnegação, pelo exemplo e pela fidelidade às lutas da classe trabalhadora.

“Uma das pessoas mais íntegras, mais honestas e decentes que conheci na vida, durante minha gestação com Secretário da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo Vital atuou de forma voluntária como meu conselheiro político, muito triste, perco um grande amigo” relatou Maurício Pestana, nosso CEO.

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