Filme é criticado por adotar a perspectiva de uma personagem branca ao retratar o racismo vivido por mulheres negras nos anos 1960
Lançado em 2011, o filme Histórias Cruzadas (The Help) voltou ao centro do debate nas redes sociais após novas declarações de Viola Davis. A atriz, que interpretou a empregada Aibileen Clark, voltou a afirmar que se arrepende de ter participado da produção e criticou a forma como a história é contada sob a ótica de uma personagem branca.
Ambientado no sul dos Estados Unidos dos anos 1960, o longa retrata a vida de empregadas domésticas negras submetidas a humilhações e exclusões, mesmo sendo peças fundamentais na estrutura das famílias brancas. A protagonista da narrativa, no entanto, é Skeeter (Emma Stone), uma jovem branca que decide escrever um livro com os relatos dessas mulheres, assumindo o papel de “porta-voz” de uma realidade que não é a sua.
Para muitas mulheres negras, a crítica de Davis confirma um incômodo antigo: a de que Histórias Cruzadas, apesar de abordar o racismo, reforça a lógica da “branca salvadora”, comum em produções hollywoodianas. “A narrativa não estava nas mãos de quem viveu aquela opressão. E isso é um erro”, disse Viola, em entrevistas recentes.
O debate reacende a importância de promover obras com protagonismo negro real — não apenas na atuação, mas também no roteiro, direção e ponto de vista. Em tempos de crescente valorização da representatividade, a fala da atriz destaca um alerta fundamental: não basta estar em cena, é preciso contar a história com autonomia e verdade.