{"id":36693,"date":"2024-10-17T13:52:26","date_gmt":"2024-10-17T13:52:26","guid":{"rendered":"https:\/\/revistaraca.com.br\/?p=36693"},"modified":"2025-03-18T18:57:05","modified_gmt":"2025-03-18T18:57:05","slug":"literatuta-afrofuturista-o-futuro-negro-em-historias-de-ficcao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistaraca.com.br\/literatuta-afrofuturista-o-futuro-negro-em-historias-de-ficcao\/","title":{"rendered":"Literatuta Afrofuturista: O futuro negro em hist\u00f3rias de fic\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"\n
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Imagem: Madu Sanffer<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

J\u00e1 imaginou viver em um universo onde pessoas pretas vivem tranquilamente, n\u00e3o enfrentam opress\u00e3o, violencias ou racismo? E melhor ainda, onde suas hist\u00f3rias s\u00e3o contadas de maneira grandiosa, em cen\u00e1rios que valorizam sua cultura e identidade? Pois \u00e9, ele n\u00e3o existe. Mas embora esse mundo incr\u00edvel ainda n\u00e3o exista, ele j\u00e1 foi imaginado e reimaginado por meio da literatura afrofuturista!<\/p>\n\n\n\n

No afrofuturismo, as narrativas que vivemos atualmente, n\u00e3o existem e as barreiras que a realidade imp\u00f5e a pesoas pretas s\u00e3o rompidas. Existem autores que t\u00eam criado mundos onde pessoas pretas n\u00e3o apenas existem em pap\u00e9is de protagonismo, mas tamb\u00e9m lideram jornadas impactantes, em viagens intergal\u00e1cticas, dominam tecnologias inimagin\u00e1veis e redefinem um futuro, que, acima de tudo, vivem livres de limita\u00e7\u00f5es, violencias ou preconceitos que nos foram impostos por s\u00e9culos.<\/p>\n\n\n\n

Essa magn\u00edfica utopia, onde narrativas negras est\u00e3o no centro, em papeis de protagonismo, nos leva por viagens que n\u00e3o se limitam apenas a terras conhecidas. No afrofuturismo, o c\u00e9u deixa de ser um limite para que exploremos o espa\u00e7o, o tempo e a pr\u00f3pria realidade, sempre explorando e ressignificando em nossas mentes, cen\u00e1rios criativos que entrela\u00e7am ci\u00eancia, espiritualidade, ancestralidade e tecnologia.<\/p>\n\n\n\n

O conceito de afrofuturismo n\u00e3o \u00e9 apenas uma est\u00e9tica ou um g\u00eanero liter\u00e1rio, mas sim, uma forma interessante de reimaginar nosso futuro, trazendo consigo a esperan\u00e7a de um futuro onde a narrativa negra \u00e9 o centro, onde somos protagonistas. Ele desafia o convencional da fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica tradicional e coloca pessoas pretas em pap\u00e9is de lideran\u00e7a, poder e conhecimento, levando o leitor para diversos universos que celebram as ra\u00edzes e aprendizados do passado, indiv\u00edduos grandiosos que somos no presente e a grandeza do futuro.<\/p>\n\n\n\n

O afrofuturismo vai al\u00e9m do entretenimento, ou um movimento est\u00e9tico, ele \u00e9 uma forma de resist\u00eancia cultural e pol\u00edtica. Ele oferece uma nova poss\u00edbilidade de pensar o futuro da popula\u00e7\u00e3o negra, que n\u00e3o seja moldada pela violencia e marginaliza\u00e7\u00e3o que sempre esteve presente nos livros e nos filmes. <\/p>\n\n\n\n

Quando se imagina um novo futuro, o afrofuturismo d\u00e1 poder a vozes negras de se enxergarem como protagonistas de suas hist\u00f3rias. \u00c9 uma realidade interessante pois o afrofurismo \u00e9 o oposto da realidade da qual fomos acostumados, coloca as narrativas e corpos negros no centro da hist\u00f3ria, como protagonistas! Apesar das naves espaciais, tecnologias inovadoras e realidades intergal\u00e1cticas, a perspectiva do afrofuturismo \u00e9 sobre protagonismo negro.<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o, enquanto ainda estamos longe de viver nessa incr\u00edvel narrativa, sem racismo e opress\u00e3o, a literatura afrofuturista nos convida a sonhar, a imaginar e, mais importante, a construir essa vis\u00e3o protagonista de n\u00f3s mesmos. Ela nos mostra que outro futuro \u00e9 poss\u00edvel, e nos permite, ao menos nas p\u00e1ginas dos livros, viver essa utopia.<\/p>\n\n\n\n

Autoras e Autores que Reimaginam o Futuro<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Por isso, para voc\u00ea embarcar nessa brilhante jornada do afrofuturismo, selecionamos alguns autores com livros envolventes para sua viagem pelo afrofuturismo!<\/p>\n\n\n\n

Octavia Butler <\/strong><\/p>\n\n\n\n

A autora foca mais na viv\u00eancia afro-americana do que nos valores e na cosmovis\u00e3o africana, ela traz elementos da cultura africana em suas hist\u00f3rias. Em Kindred<\/em>, por exemplo, temos um dispositivo de viagem no tempo chamado Sankofa, um conceito importante na cultura africana que remete \u00e0 ancestralidade. Al\u00e9m disso, em outros livros, Butler nos convida a refletir sobre como n\u00f3s, pessoas negras, podemos nos enxergar no futuro. Entre seus trabalhos publicados no Brasil est\u00e3o A Par\u00e1bola do Semeador<\/em>, A Par\u00e1bola dos Talentos<\/em>, Ritos de Passagem<\/em> e o conto Sons de Fala<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Lu Ain-Zaila<\/strong>
<\/strong>Considerada a maior voz do afrofuturismo no Brasil, a escritora carioca Lu Ain-Zaila \u00e9 a mente por tr\u00e1s da primeira s\u00e9rie futurista nacional, Brasil 2408<\/em>, composta pelos livros (In)Verdades<\/em> e (R)Evolu\u00e7\u00e3o<\/em>. Lu tamb\u00e9m \u00e9 autora da antologia Sankofa: Breves Hist\u00f3rias Afrofuturistas<\/em> e do romance \u00ccs\u00e9g\u00fan<\/em>, lan\u00e7ado em 2019.<\/p>\n\n\n\n

Samuel R. Delany<\/strong>
<\/strong>Precursor do afrofuturismo na fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, Samuel R. Delany aborda em suas obras quest\u00f5es de negritude, sexualidade, classes sociais, mem\u00f3ria e linguagem. Apesar de apenas dois de seus livros, Babel-17<\/em> e Estrela Imperial<\/em>, terem sido publicados no Brasil, eles n\u00e3o s\u00e3o tecnicamente afrofuturistas. Ainda assim, Babel-17<\/em> se destacou ao vencer a segunda edi\u00e7\u00e3o do Nebula Award em 1967 e ser indicado ao Hugo Award no mesmo ano.<\/p>\n\n\n\n

Nnedi Okorafor<\/strong>
<\/strong>Nnedi Okorafor, escritora estadunidense, se identifica mais com o termo “africanofuturista”, j\u00e1 que suas obras est\u00e3o profundamente enraizadas na cultura, hist\u00f3ria e mitologia africanas. Mesmo assim, ela apoia tanto o afrofuturismo quanto o africanofuturismo. No Brasil, duas de suas obras foram publicadas: Quem Teme a Morte<\/em> e Bruxa Akata<\/em>. Sua obra premiada Binti<\/em>, vencedora do Nebula e Hugo Award de 2016, ainda n\u00e3o foi lan\u00e7ada aqui.<\/p>\n\n\n\n

Fabio Kabral<\/strong>
<\/strong>Fabio Kabral \u00e9 uma das principais refer\u00eancias do afrofuturismo no Brasil, ao lado de Lu Ain-Zaila. Kabral \u00e9 respons\u00e1vel por criar o universo de Ketu 3, uma metr\u00f3pole governada por sacerdotisas empres\u00e1rias e tecnologias movidas por fantasmas. Esse cen\u00e1rio serve de pano de fundo para os livros O Ca\u00e7ador Cibern\u00e9tico da Rua 13<\/em> e A Cientista Guerreira do Fac\u00e3o Furioso<\/em>. Atualmente, ele est\u00e1 trabalhando na continua\u00e7\u00e3o desse universo.<\/p>\n\n\n\n

N. K. Jemisin<\/strong>
<\/strong>N. K. Jemisin fez hist\u00f3ria ao ser a primeira pessoa negra a vencer o Hugo Award na principal categoria (Melhor Romance) e a \u00fanica a conquistar o pr\u00eamio por tr\u00eas anos consecutivos (2016 a 2018). Seus livros abordam temas como justi\u00e7a social, viol\u00eancia e comportamento humano. Sua trilogia A Terra Partida<\/em>, composta por A Quinta Esta\u00e7\u00e3o<\/em>, O Port\u00e3o do Obelisco<\/em> e O C\u00e9u de Pedra<\/em>, \u00e9 um grande sucesso. Seu lan\u00e7amento mais recente, The City We Became<\/em>, ainda n\u00e3o foi traduzido para o portugu\u00eas, mas traz uma hist\u00f3ria intrigante onde um v\u00edrus amea\u00e7a destruir Nova York, s\u00f3 que este “v\u00edrus” \u00e9, na verdade, um esp\u00edrito que propaga \u00f3dio e preconceito.<\/p>\n\n\n\n

Tomi Adeyemi
<\/strong>Tomi Adeyemi \u00e9 autora da trilogia O Legado de Orish\u00e4<\/em>, inspirada na cultura iorub\u00e1. O primeiro livro, Filhos de Sangue e Osso<\/em>, foi publicado no Brasil e ficou 50 semanas na lista de best-sellers do New York Times. O segundo livro da s\u00e9rie, Children of Virtue and Vengeance<\/em>, ainda est\u00e1 sendo traduzido para o portugu\u00eas. Filhos de Sangue e Osso<\/em> tamb\u00e9m foi finalista do Nebula Award de 2018 e recebeu diversos outros pr\u00eamios.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: https:\/\/cearacriolo.com.br\/3524-2\/<\/a> <\/p>\n\n\n\n

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Madu Sanffer<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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