{"id":40674,"date":"2025-03-21T13:00:26","date_gmt":"2025-03-21T13:00:26","guid":{"rendered":"https:\/\/revistaraca.com.br\/?p=40674"},"modified":"2025-03-21T14:14:45","modified_gmt":"2025-03-21T14:14:45","slug":"racismo-um-tema-internacional-desde-sempre","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistaraca.com.br\/racismo-um-tema-internacional-desde-sempre\/","title":{"rendered":"Racismo, um tema internacional desde sempre"},"content":{"rendered":"

H\u00e1 65 anos, a Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas \u2013 (ONU), instituiu o dia 21 de mar\u00e7o, como o <\/span>Dia Internacional pela Elimina\u00e7\u00e3o da Discrimina\u00e7\u00e3o Racial<\/b>, isso por conta do Massacre de Shaperville, ocorrido, na \u00c1frica do Sul, na mesma data, em 1960, quando a pol\u00edcia sul-africana assassinou 69 adolescentes e feriu mais de 200 mulheres e crian\u00e7as, quando mais de 20 mil pessoas protestavam contra o regime do Apartheid.\u00a0<\/span><\/p>\n

Esse massacre que comoveu o mundo e levou a ONU a se pronunciar de forma t\u00e3o contundente, deixou claro que o racismo \u00e9 uma quest\u00e3o eminentemente internacional.\u00a0<\/span><\/p>\n

Afinal, <\/span>o apartheid<\/i><\/b>, regime criminoso que segregava os negros em seu pr\u00f3prio pais, onde eles representavam 92% impedindo-os de acesso a quaisquer direitos e que foi respons\u00e1vel pela tortura e morte de milhares de sul africanos, bem como pela pris\u00e3o do grande l\u00edder Nelson Mandela, por mais de 27 anos, era decorrente do processo de coloniza\u00e7\u00e3o europeu.\u00a0<\/span><\/p>\n

Al\u00e9m disso, n\u00e3o apenas o apartheid sul-africano foi constru\u00eddo e apoiado pelos europeus, como tamb\u00e9m toda a ocupa\u00e7\u00e3o do Continente Africano realizada a partir da famigerada Confer\u00eancia de Berlim, (1884\/85), quando os pa\u00edses europeus (R\u00fassia, Gr\u00e3-Bretanha, Dinamarca, Portugal, Espanha, Fran\u00e7a, B\u00e9lgica, Holanda, It\u00e1lia, mais os Estados Unidos) dividiram o Continente Africano entre si, para escraviz\u00e1-lo e explor\u00e1-lo.\u00a0<\/span><\/p>\n

Em verdade, se aprofundarmos um pouco mais, veremos que o racismo \u00e9 filho dileto do empreendimento colonial europeu, que n\u00e3o s\u00f3 classificou e hierarquizou o mundo do ponto de vista racial, como tamb\u00e9m outorgou aos brancos europeus crist\u00e3os e seus assemelhados, a condi\u00e7\u00e3o de superiores e por conta disso merecedores de todas as benesses e privil\u00e9gios que houvesse mundo afora.\u00a0<\/span><\/p>\n

Se no nascedouro o racismo foi um empreendimento internacional de origem europeia, a expans\u00e3o e consolida\u00e7\u00e3o do modo de produ\u00e7\u00e3o capitalista o tornou uma ferramenta essencial do mundo ocidental crist\u00e3o em defesa e na manuten\u00e7\u00e3o dos seus privil\u00e9gios.\u00a0\u00a0<\/span><\/p>\n

As decis\u00f5es e encaminhamentos adotados pelo governo atual dos Estados Unidos no tocante a pauta racial e da diversidade, n\u00e3o nos deixa mentir e dizem bem dos prop\u00f3sitos e objetivos que os supremacistas brancos est\u00e3o planejando para o futuro pr\u00f3ximo. No Brasil, caso eles ven\u00e7am o pr\u00f3ximo pleito eleitoral, n\u00e3o ser\u00e1 diferente.\u00a0<\/span><\/p>\n

Da\u00ed que, para contribuir de fato com o significado do 21 de mar\u00e7o, celebra\u00e7\u00e3o que visa a elimina\u00e7\u00e3o de todas as formas de discrimina\u00e7\u00e3o racial, \u00e9 preciso compreender que o racismo n\u00e3o s\u00f3 \u00e9 parte integrante de um sistema de discrimina\u00e7\u00f5es, exclus\u00f5es e viol\u00eancias que est\u00e1 presente em todo o mundo e tem servido para justificar toda sorte de persegui\u00e7\u00f5es, exclus\u00f5es, intoler\u00e2ncias, massacres e genoc\u00eddios, como tamb\u00e9m que o seu combate precisa se dar no plano internacional.<\/span><\/p>\n

Sendo o Brasil, o pais detentor da maior popula\u00e7\u00e3o negra fora do continente africano, no qual o racismo \u00e9 exercido largamente e de forma bastante sofisticada, nos quais os interesses internacionais se fazem presentes, \u00e9 necess\u00e1rio que o movimento negro brasileiro, seja exemplar e que busque se adequar aos novos tempos e imprima definitivamente o car\u00e1ter internacional na sua luta antirracista.\u00a0<\/span><\/p>\n

\u00c9 bem verdade que o momento \u00e9 de dificuldades. Os setores democr\u00e1ticos est\u00e3o encurralados, os movimentos sociais ap\u00e1ticos, as formas, conte\u00fados e pautas da sociedade civil est\u00e3o dispersas e desorganizadas e o movimento negro brasileiro, devagar quase parando.\u00a0<\/span><\/p>\n

Mas, ainda assim, n\u00f3s estamos aqui.\u00a0<\/span><\/p>\n

Portanto, deixar as querelas de lado, superar as mesquinharias acusat\u00f3rias e integrar o movimento negro brasileiro ao movimento antirracista internacional \u00e9 fundamental.\u00a0<\/span><\/p>\n

Neste sentido, pautas como: o racismo recreativo, o racismo no futebol mundial, exterm\u00ednio da juventude negra e a cria\u00e7\u00e3o de fundos de promo\u00e7\u00e3o da igualdade racial s\u00e3o essenciais.\u00a0<\/span><\/p>\n

Viva o Dia Internacional pela Elimina\u00e7\u00e3o da Discrimina\u00e7\u00e3o Racial e toca a zabumba que a terra \u00e9 nossa!\u00a0<\/span><\/p>\n

\u00a0<\/span><\/p>\n

Zulu Ara\u00fajo<\/b> \u00e9 Arquiteto, Mestre em Cultura e Sociedade e Doutor em Rela\u00e7\u00f5es Internacionais pela UFBA. Ex-presidente da Funda\u00e7\u00e3o Palmares.<\/span><\/p>\n

\"\"<\/p>\n

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