Revista Raça Brasil

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10 expressões do português que podem ter origens racistas

Você já parou para pensar que algumas expressões que usamos no dia a dia podem carregar um histórico de discriminação? Muitas vezes, sem perceber, reproduzimos frases que remetem à escravidão ou que reforçam estereótipos racistas. Para chamar atenção a esse problema, a Defensoria Pública da Bahia criou a cartilha “Expressões Racistas do Cotidiano”.

A ideia não é só entender as origens dessas expressões, mas refletir sobre como elas perpetuam preconceitos no presente. Confira 10 exemplos citados na cartilha:

1. Da cor do pecado

Muitas vezes usada como elogio, essa frase carrega um estigma, a hipersexualização de pessoas negras. Desde o período colonial, corpos negros, principalmente os femininos, foram objetificados e associados a estereótipos que ainda sobrevivem.

2. A dar com pau

Hoje significa “em grande quantidade”, mas acredita-se que a origem esteja nos navios negreiros. Para forçar os escravizados a comer, era usado um “pau de comer” para introduzir alimentos em suas bocas.

3. Nas coxas

Essa expressão é usada para descrever algo malfeito e, segundo algumas teorias, tem origem no período escravocrata, quando telhas de barro eram moldadas nas coxas de pessoas escravizadas. Embora essa versão seja contestada, o uso da frase ainda carrega estigmas sobre o trabalho negro.

4. Denegrir

A palavra vem do latim (denigrāre), que significa “tornar negro”. Quando usada como sinônimo de “difamar” ou “desvalorizar”, reforça a ideia de que o negro está associado ao negativo.

5. Disputar a nega

A expressão, usada em jogos para indicar uma rodada de desempate, remonta ao tempo em que mulheres negras escravizadas eram oferecidas como prêmios em apostas.

6. Meia-tigela

Hoje usada para descrever algo de menor valor, a expressão pode ter surgido como referência às punições sofridas por escravizados que não atingiam suas metas de trabalho, recebendo apenas metade da porção de comida.

7. Macumba

Originalmente, a palavra designava um instrumento musical africano. Com o tempo, passou a ser usada de forma pejorativa para se referir às religiões de matriz africana, contribuindo para o preconceito religioso.

8. Mulato/a

A palavra pode ter origem no espanhol, usada para se referir a mulas, animais híbridos. No Brasil, o termo foi adotado para designar pessoas mestiças, associando-as à desumanização e, no caso das mulheres, à hipersexualização.

9. Escravo

Usar “escravizado” no lugar de “escravo” é uma forma de reconhecer que essa condição foi imposta e não uma característica inerente à pessoa.

10. Criado-mudo

Muitas vezes associada a pessoas escravizadas que ficavam paradas ao lado dos senhores, segurando objetos em silêncio. Apesar de outras teorias sobre sua origem, o termo pode ser substituído por “mesa de cabeceira”.

Essas expressões nem sempre são usadas com a intenção de ofender, mas podem reforçar estereótipos que afetam profundamente as pessoas negras. Como explica a cartilha: “O racismo se manifesta nas microagressões cotidianas, que reproduzem a ideia de inferioridade associada à negritude”.

Mudar essas práticas é um passo simples, mas poderoso, para construir uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. Afinal, palavras têm força, e o cuidado com elas também é uma forma de empatia e transformação social.

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