10 sugestões de leitura para fechar 2023

10 produções de pessoas negras, para pessoas negras e sobre pessoas negras. Infantil, afrofuturismo, romances e pesquisa

2023 está sendo um ano desafiador em muitos sentidos. A minha saúde está sendo testada, as relações pessoais fortalecidas e os livros que tenho recebido são tão bons que estou com dificuldade de escolher qual deles ler primeiro. 

Autores/as e editoras me descobriram (acho), porque toda semana chega na minha casa um livro bom, na expectativa de ser indicado nesta coluna, que se pretende semanal para falar sobre livros, filmes, exposições e outras manifestações artísticas produzidas especialmente por pessoas negras, para pessoas negras e sobre pessoa negras.

Mas com tantas outras coisas acontecendo, inclusive o lançamento do meu próprio livro, Negra percepção, não só está difícil escolher o que ler primeiro, mas também está faltando tempo e concentração para escrever uma boa resenha. 

Então, optei por compartilhar os 10 livros que chamaram mais minha atenção nos últimos meses e que possivelmente vou levar para ler nas férias de fim de ano. 

  1. Bucambe: o pequeno herói, de Yalle Tárique e ilustração de Rodrigo Cândido. O segundo livro de Yalle Táruique (11 anos) conta  a  história  de  um  menino  que  é retirado das  suas terras  em  Angola,  no Continente  Africano  para  ser  escravizado  numa  no interior  da Bahia.  Lá,  o  pequeno  herói faz  uma revolução, indo  contra todo  sistema  ao  qual foi  submetido. Conforme o autor, Bucambe  é  muita  afetividade  e  muito  amor,  construído  a  partir  dos diversos  diálogos  dele  com  sua  bisavó  sobre  família  e  legado ancestral.
  2. A vitória do afeto, de Marlon Pires Ramos. Publicado pela editora Malê, é um livro de cartas escritas, em sua maior parte, durante a pandemia de Covid-19. Cartas para sua mãe Maria, que faleceu em março de 2020, para seu avô Antônio, figura que surge das boas lembranças da sua avó Dona Terezinha; e cartas que também contam como é a vida de um homem preto no sul do Brasil. Cartas escritas com poesia, lirismo, lágrimas e sorrisos; sobre uma outra possibilidade de humanidade, sensibilidade e vivência para pessoas pretas, em especial: homens pretos; sobre outra perspectiva de futuro. 
  3. Horas, minutas y segundas, de Maria Nilda de Carvalho Mota (Dinha). Em edição bilíngue (Português e Espanhol), Horas, minutas y segundas é um livro sobre o tempo, no feminino. Composto por 41 poemas (poderia até se chamar “Ali babá e os quarenta poemas”), divide-se em 6  seções a partir dos temas “amor”, “sororidade”, “autocuidado”, “morte”, “erotismo” e “não autorizados”. 
  4. A malta indomável, de Ale Santos. O autor retorna ao universo distópico de O último ancestral com uma nova ficção científica repleta de aventuras, fugas em alta velocidade e magias ancestrais. O Dia da Escolha é um momento único para os jovens de Sumé: nele, o destino de cada um é definido. No entanto, nem todos aceitam a realidade imposta. Vik, por exemplo, amaria participar da Batalha de Maltas, a tão aguardada corrida de carros da periferia; Cosme gostaria de não ser tratado como um estranho; Juba almeja se tornar um beatmaker na cidade vizinha de Nasgat. Ao compartilhar dessas ambições, o trio se une para quebrar as regras da Cidade-Complexo, desafiando a sorte e aqueles que a controlam. Eles só não imaginavam que o ato rebelde teria duras consequências… Agora, precisarão embarcar em uma jornada intensa e arriscada para sobreviver e defender a comunidade.   
  5. Ébano sobre os canaviais, de Adriana Vieira Lomar. No fim do século XIX, Ébano, uma mulher negra alforriada, e José, jovem imigrante português, se apaixonam, casam e têm um filho. Mas os dois não podem continuar vivendo esse amor, pois um boicote silencioso, motivado pelo racismo, desestabiliza o pequeno negócio familiar. Preocupada com o futuro do filho, Ébano deixa a cidade. Dois séculos depois, sua história se cruza à de Maria Antonieta, uma mulher “branca” e rica, que se apega à figura da trisavó baronesa para destilar preconceitos de cor, raça e classe àqueles que não comungam de seus privilégios. Ébano sobre os canaviais, vencedor do Prêmio Kindle de Literatura 2022, narra não só uma parte terrível da história do Brasil – o último país das Américas a abolir a escravidão – nem apenas os horrores perpetrados ainda hoje pelo racismo estrutural. 
  6. Travessias no Atlântico negro, de Valéria Costa. Reunindo textos inéditos de doze pesquisadores de distintas regiões do Brasil, a obra reconstrói as experiências de personagens negros até então pouco conhecidos. Os autores são historiadores jovens e consagrados que compartilham o compromisso com a pesquisa empírica, lendo nas entrelinhas processos judiciais, contratos, registros paroquiais e correspondência oficial para recuperar a agência histórica de homens e mulheres africanos e seus descendentes. 
  7. Puta livro bom, de Jason Mott. Vencedor do National Book Award em 2021, o livro é sobre família, o amor entre pais e filhos, fama e dinheiro, mas também é um livro sobre o significado de ser negro nos Estados Unidos, um país onde são constantes as notícias de pessoas negras assassinadas pela polícia. Escrito de forma brilhante, com personagens marcantes e uma narrativa única, este livro merece seu título.
  8. Caixa preta, de Cristiane Sobral. O livro reúne 16 contos de Cristiane Sobral. São histórias de amor e de luta, escritas com um lirismo sarcástico que ora nos faz rir e ora nos faz derramar lágrimas de emoção.
  9. A alegria é uma responsabilidade política, de Camilo Vannuchi. O livro conta algumas das histórias de Diogo de Sant’Ana. Incansável, dono de uma sensibilidade ímpar, o jovem advogado, nascido na periferia de São Paulo e formado pela USP, construiu uma trajetória que, em pouco tempo, inspirou duas gerações de militantes. Diogo foi peça chave nos governos Lula e Dilma e coordenou algumas das principais ações de combate à desigualdade no Brasil.
  10. Maria Firmina dos Reis, de Anita Machado e ilustração de Eduardo Vetillo. O livro homenageia a trajetória de Maria Firmina dos Reis. Nascida no maranhão em 1825, autodidata e professora das primeiras letras, Maria Firmina se tornou a primeira romancista do Brasil a ao lançar o livro Úrsula. De forma sensível e engajada, ela foi precursora da critica contra a escravidão. 

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Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.

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