2017 já registra 40% de aumento em denúncias de racismo no esporte

Ainda falta um mês para o fim ano e 2017 já registra 40% a mais denúncias de racismo no esporte em relação ao ano anterior. O levantamento é do Observatório de Discriminação Racial no Futebol, que há três anos monitora ocorrências no Brasil e em relação a brasileiros fora do país. Os dados deste ano ainda são preliminares, mas já superam as denúncias de 2016 tanto em racismo, como em preconceito em relação à orientação sexual.

Em 2016, foram registrados 35 casos de discriminação, sendo 25 por racismo, um por homofobia e uma ocorrência de xenofobia. Enquanto este ano, até outubro, já são 49 denúncias por racismo, sete por homofobia, duas por xenofobia e ainda duas outras ocorrências de preconceito de gênero. O aumento reverte a queda nas ocorrências registradas no comparativo entre 2016 e 2015, quando o número de denúncias de racismo havia ficado em 35, dez casos a mais.

“Não conseguimos ver explicação para a diminuição de 2016, em relação ao ano ano anterior. E como vimos, não foi algo que se sustentou, pois este ano já se tem um número bem maior”, comentou um dos responsáveis pela pesquisa e diretor do Observatório, Marcelo Carvalho.

Uma das suspeitas para o aumento tanto de racismo quanto de homofobia, acreditam os envolvidos na pesquisa, pode ser o aumento da consciência em relação ao preconceito.

“Está havendo um maior encorajamento para denunciar, para relatar”, observa.

No entanto, as punições não vêm acompanhando a ocorrência dos casos.

“Os tribunais desportivos ainda não estão julgando adequadamente. Muitas denúncias não são levadas adiante, sequer ocorre julgamento”, lembrando, no entanto, que este ano ocorreu a primeira denúncia por preconceito de orientação sexual, no STJD, ocorrida por ocasião do posicionamento favorável aos direitos LGBT assumido pela torcida Banda Alma Celeste, do Paysandu. O caso, entretanto, acabou sem punição por discriminação, se restringindo à seara disciplinar.

São Paulo ultrapassa o Rio Grande do Sul 

Pela primeira vez desde que o estudo é realizado, há três anos, o Rio Grande do Sul não foi o estado mais preconceituoso do país. Em 2016, São Paulo ficou com o título da discriminação. De acordo com os dados, foram cinco ocorrências em território paulista, contra duas, no Rio Grande do Sul, no ano passado. Os dois estados acumulam pouco menos da metade (44%) dos episódios desde que a análise começou a ser feita.

No total, os estados em que mais ocorrem denúncias de racismo no futebol são: RS, SP, PR, SC e MG, acumulando 75% das ocorrências desde 2014. Desde que começou a análise, 61 casos foram assinalados, em 16 estados no total.

O relatório do ano passado foi lançado nesta quarta-feira, pelo Observatório, num evento do Ministério do Esporte, em Brasília, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Quatro pessoas do Observatório, que tem sede em Porto Alegre, integraram a equipe. O lançamento foi transmitido pelo Youtube.

Ano passado, o relatório foi divulgado em parceria com o Vasco da Gama, com lançamento realizado em São Januário, no Rio de Janeiro.

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