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21 de Março: Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial e as Contradições do Antirracismo na Sociedade

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hamalli

Vice-presidente do Grupo Raça Comunicações Responsável pelo processo de criação, realização e edição da Revista Raça Brasil. Administra os recursos técnicos, artísticos e administrativos dos principais projetos do Grupo Raça Brasil: Revista, Área Digital e Fórum Brasil Diverso.

O dia 21 de março marca o Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, uma data que reforça a necessidade de combater o racismo estrutural e cotidiano. No entanto, é cada vez mais evidente a contradição entre o discurso antirracista e as práticas que ainda perpetuam estereótipos e violências contra pessoas negras. A internet, um espaço de mobilização e conscientização, também se tornou palco dessas incoerências.

Um exemplo recente desse fenômeno são os ataques ao jogador Lughi, do Palmeiras Sub-20. Muitos dos que se declaram antirracistas não hesitam em ridicularizá-lo, chamando-o de “chorão” depois de uma declaração emocionante após sofrer ataques racistas na Copa Libertadores, ou minimizando suas emoções, ignorando o histórico de ataques racistas que ele e tantos outros jogadores negros enfrentam. Essa postura reforça a narrativa de que negros não podem expressar emoção ou vulnerabilidade, perpetuando um racismo disfarçado de opinião esportiva.

A contradição é ainda mais evidente quando se compara essa situação com o medo de mulheres negras em ocupar espaços de comunicação e opinião. Muitas mulheres negras, assim como eu, evitam escrever ou gravar vídeos por receio das reações racistas que podem enfrentar. A violência digital, que se manifesta em ataques misóginos e racistas, limita a liberdade de expressão dessas mulheres, enquanto a sociedade aplaude influenciadores e jornalistas brancos por falas que, quando ditas por negros, são recebidas com hostilidade.

Esse paradoxo evidencia que o antirracismo de muitas pessoas ainda é seletivo. Ele está presente nos discursos e campanhas publicitárias, mas ausente nas práticas diárias. A luta antirracista não pode ser apenas uma bandeira levantada em março ou novembro; ela precisa se refletir nas ações cotidianas, no apoio verdadeiro a pessoas negras e na desconstrução das violências normalizadas.

Para avançar, é necessário um compromisso real com o antirracismo, que passa por revisar comportamentos, dar suporte a vozes negras e entender que racismo não se manifesta apenas em insultos diretos, mas também em piadas, na descredibilização de emoções e na censura imposta pelo medo. Ser antirracista é, antes de tudo, uma prática constante de aprendizado e transformação.

Hamalli Alcântara é vice-presidente do Grupo Raça Comunicações. Responsável pelo processo de criação, realização e edição da Revista Raça Brasil. Administra os recursos técnicos, artísticos e administrativos dos principais projetos do Grupo Raça Brasil: Revista, Área Digital e Fórum Brasil Diverso.

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