3 temas determinantes de diversidade e inclusão racial em 2024
Ano novo é sempre uma oportunidade para reflexões de desafios e tendências que irão pautar o campo das ideias e práticas
Um novo ano sempre traz consigo reflexões sobre os desafios, tendências, que irão nos pautar o campo das ideias e práticas, sobretudo no trabalho e em nosso desenvolvimento humano no ano que se inicia. Analisando o tema da diversidade e inclusão racial, podemos imaginar o que norteará os debates.
1 – O censo
Os números do censo e os impactos nas políticas de diversidade e inclusão racial sempre são indicadores que orientam as ações de políticas públicas para o futuro. Os censos realizados a cada dez anos têm servido, nas últimas décadas, como balizador dos principais avanços que obtivemos no campo da diversidade e inclusão no Brasil.
É só lembrar que foram os dados emergidos do censo no ano 2000, apontando uma ínfima presença negra nos bancos das universidades brasileiras, que abriram porta para discussões sobre cotas raciais nas universidades federais, feitos esses determinantes para os avanços que pudemos obter neste século 21 nesta área, em que o Brasil colocou mais pessoas negras no ensino superior do que em toda a história da educação no país. Portanto, os números e desdobramentos do censo, que estão se abrindo, já começam a provocar debates, por exemplo, sobre o maior grupo racial do Brasil na atualidade, os “pardos”.
2 – ESG e a inclusão racial no país
O ESG continuará como um dos indicadores da eficiência das empresas nos aspectos da governança, do social e ambiental, e o social, em solo brasileiro, traduz-se em cor e raça, ou seja, não há como desassociar o “S” de social do “R” de racial, como apontam os números do IBGE, em que a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza é de 37,7%,praticamente o dobro da proporção de brancos.
E mais: pretos e pardos permanecem ganhando metade do rendimento dos brancos, respectivamente, R$ 949 contra R$1.866. Ambos os rendimentos recuaram nos últimos anos, mas pretos e pardos (8,6%) perderam mais do que os brancos (6%).
3 – Eleições municipais
As primeiras eleições, após a guinada ideológica do último pleito eleitoral brasileiro, dar-se-ão agora no ano de 2024, e o tema raça e gênero voltará à tona. É só lembrar que, em 2020, ano das últimas disputas eleitorais municipais, o número de candidaturas negras foi superior ao número de brancos participantes (49,9% a 47,8%), tendência que deve continuar neste ano. E as cobranças do eleitorado tendem a aumentar e se fazerem presentes, sobretudo por conta da questão racial cada vez mais ideologizada no país e, por isso, mais dividida também entre o eleitorado de direita e esquerda.
É cedo ainda para enumerar os avanços que a pauta racial tem trazido para o país, mas, se lembrarmos que, até pouco tempo, temas como inclusão racial no meio corporativo, nossa presença nos planos de governo e os números das desigualdades raciais eram discussões que não saíam das teses acadêmicas ou de grupos fechados do movimento negro e, hoje, fazem parte, não apenas da pauta dos governos, ou das empresas, mas também das discussões gerais que serão pauta do país, isso demonstra avanços imensuráveis e mudanças também. Fique atento.
Colunista: Maurício Pestana