RELIGIÃO AFROBRASILEIRA
O consultor espiritual Wellington Nunes fala sobre a religião afrobrasileira
Texto: Wellington Nunes| Foto: Divulgação
Toda essa pluriétnica deu origem ao mito de que, em terras brasileiras, não existe preconceitos raciais, já que se formou uma máscara ideológica que supõe que exista por aqui uma democracia racial. Segundo pesquisas realizadas pelo IBGE, as religiões afrobrasileiras somam cerca de 430 mil adeptos somente na Umbanda e no Candomblé, com suas principais manifestações trazidas pelos negros escravizados. Estas têm sido bastante usadas na comprovação dessa ideologia estabelecida, tornando-se parte pertencente à supremacia branca.
O advento da colonização trouxe para o Brasil aproximadamente quatro milhões de negros africanos, trazidos para o país como escravos. A utilização da mão de obra escrava estabeleceu um amplo leque de novidades em nosso cenário religioso. Isso porque, com o objetivo de não perder suas raízes étnicas, os negros se agarraram aos seus costumes, adaptando seus protetores religiosos aos santos católicosdevido à forte repressão que sofriam por parte de seus colonizadores. Oxum, por exemplo, tornou-se Nossa senhora da Conceição e o guerreiro Ogum pegou emprestada a identidade com São Jorge.
O choque de culturas e doutrinas sofrido nessa época estabeleceu o Brasil como um país bastante diversificado no que diz respeito às religiões, sendo então caracterizado pelo sincretismo, que é a fusão de diferentes doutrinas. Dentro deste novo contexto, surgem novas religiões que buscam aspectos de várias outras, para então, se estabelecerem.
O maior desafio enfrentado pelas religiões afrobrasileiras são os diversos sentidos que elas tomaram dentro da sociedade intercultural do Brasil, mais especificamente do sudeste. Justifico meu pensamento com base nas questões de raça marcadas por complexidades desencontradas e as ambiguidades escondidas neste processo de desafricanização. No entanto vale ressaltar que preto e branco são apenas cores, e negro ou caucasiano são raças. Sendo assim, não importa a religião a ser seguida, nem a origem de quem a segue, porque Deus é o bem e é este bem o que verdadeiramente importa. Não importa o nome que ele tenha, ele sempre está olhando por nós.
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