Multinacional cria fundo de R$ 17 milhões para acelerar inclusão racial no Brasil

Chamado de Afrolever, fundo criado pela Unilever visa potencializar iniciativas voltadas a impulsionar a representatividade negra em cargos de liderança

A Unilever Brasil anunciou recentemente a criação do Fundo Afrolever. Com aporte inicial de R$ 17 milhões de reais, a iniciativa visa criar uma governança centralizada e estruturada – desde a execução à mensuração de resultados – das ações voltadas para acelerar as oportunidades para pessoas negras, tanto internamente como na longa cadeia de valor movimentada pela companhia. 

Em 2018, a companhia definiu a inclusão racial como prioridade em sua agenda estratégica de diversidade, associando-se a parceiros ativos na luta antirracista, como a Faculdade Zumbi dos Palmares, a Afrobras, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e ao Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), dentre outros. 

Existe também um movimento interno liderado por colaboradoras negras que culminou na criação do coletivo Afrolever, no desenvolvimento de iniciativas para atração de talentos negros, além de estimular o aumento da representatividade racial em cargos de liderança. O Fundo Afrolever é mais um passo da companhia nesta jornada e a escolha do seu nome veio justamente da intenção de reconhecer aqueles que têm contribuído diariamente para a construção de uma organização mais inclusiva e igualitária. 

O projeto, que marca mais uma ação propositiva da companhia no âmbito da diversidade, surgiu do desejo do próprio presidente da Unilever Brasil, Gerardo Rozanski, que participa ativamente da agenda e da governança de Equidade, Diversidade e Inclusão, de organizar e dar ainda mais celeridade às iniciativas de inclusão racial da organização. 

“Não é de hoje que a agenda de diversidade e inclusão é estratégica e prioritária para a companhia. Uma organização com a dimensão e o poder de influência da Unilever tem o dever de trabalhar para que (1) as oportunidades sejam acessíveis a todos de maneira igualitária, (2) para que a representatividade negra aumente em todas as esferas que possamos impactar – do recrutamento às comunidades; das nossas campanhas à cadeia de fornecimento. A criação do Fundo Afrolever visa justamente estruturar as iniciativas de equidade racial para, assim, potencializar a eficiência, o alcance e os resultados destas ações”, afirma Gerardo.

Para cumprir o seu objetivo, o Fundo Afrolever foi organizado em quatro pilares que se retroalimentam e influenciam: Talentos, Marcas, Fornecedores e Comunidade. 

No pilar Talentos, o projeto visa dobrar, até 2022, a presença de profissionais negros na alta liderança e triplicar na média liderança – por meio de ações de atração, seleção, desenvolvimento e retenção de talentos. Nesta frente já existe, por exemplo, o Programa Prontidão, que oferece um amplo e estruturado programa de mentoria e desenvolvimento; letramento sobre a questão racial tanto para mentores quanto para mentorados e ferramentas para aceleração de competências técnicas, emocionais e comportamentais (soft e hard skills) dos profissionais negros.  Os processos seletivos da Unilever também estão mais inclusivos e, como resultado, o Programa de Estágio 2020/2021 registrou 75% de pessoas negras e o de Trainee, 56%, ambos com aumentos muito significativos em relação aos anos anteriores. 

Na frente Marcas, o objetivo é acelerar oportunidades utilizando a força e o propósito das mesmas, com produtos mais diversos e campanhas mais inclusivas em todo o processo, desde a concepção, passando pela produção e incluindo a comunicação – e sempre integrando no processo profissionais que tenham conhecimento de causa, entre outras iniciativas. A categoria de Higiene e Cuidados Pessoais, por exemplo, vem desenvolvendo um amplo trabalho de D&I norteado por três premissas: (1) ter um time diverso tanto internamente quanto nos times dos seus parceiros; (2) integrar o tema no dia a dia por meio de programas de treinamento e de parcerias com conhecedores e estudiosos da questão para refletir, debater e cocriar; (3) e desenvolver uma comunicação que amplifique esses valores e que provoque mudanças estruturais na indústria e na sociedade. 

A parceria de Seda com a Gabi de Oliveira, do canal DePretas, já é fruto deste trabalho, que culminou no desenvolvimento da linha Crespoforce e com o anúncio do compromisso de ter 50% de representatividade negra na comunicação de Seda. Com o mote “Sonhos incríveis demais pra não serem realizados”, a campanha com a influenciadora retrata a sua história de vida e como sua relação com o seu cabelo e com a sua transição capilar foi fundamental em sua vida e em sua atuação como ativista. A ideia é inspirar outras meninas na busca pela realização dos seus sonhos e apresentar a ampliação da parceria com a ONG Plano de Menina em um projeto de capacitação voltado para jovens de comunidades carentes. 

Em relação aos Fornecedores, a companhia quer acelerar oportunidades em toda a cadeia de fornecimento ao aumentar o volume de compras proveniente de parceiros comerciais liderados por grupos minoritários, com foco prioritário em raça. Para acelerar esse pilar do Fundo Afrolever, a Unilever fechou parceria com a Integrare, consultoria que tem como finalidade identificar e desenvolver pequenas empresas de grupos minorizados e minoritários para atender grandes empresas. O investimento estimado para desenvolver esses potenciais fornecedores da companhia no Brasil é de R$ 400 mil até o fim de 2021. 

E no pilar Comunidade, a multinacional vai continuar gerando impacto positivo por meio de projetos incentivados e, desta forma, atuar como agente de transformação social. Os projetos incentivados que darão tração aos objetivos do Fundo Afrolever serão aqueles focados em educação, capacitação profissional e inovação. A expectativa da companhia é impactar mais de 550 mil pessoas por meio desses projetos. 

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