Raça indica: Livros

Que tal ter conhecimento lendo muito? A RAÇA separou 3 opções de livros para você ! Confira!

SOBREVIVENDO NO INFERNO

Racionais Mc’s

Sobrevivendo no inferno | Amazon.com.br
Foto Reprodução Amazon

O grupo de rap Racionais MCs exemplifica bem a capacidade criativa dos jovens de periferia, não só por sua produção artística, mas também pela sua trajetória, pelo modo como surgiu na cena musical. O grupo ganhou projeção se apresentando em bailes pretos periféricos, eventos decorrentes da capacidade de organização de outros jovens, que proporcionam lazer a uma população carente de políticas públicas. Os Racionais trouxeram uma ruptura à cena musical, trouxeram a realidade das ruas embalada em raps envolventes, dotados de uma poesia crua, dura e bela. Mas não deixa de ser surpreendente que seu álbum “Sobrevivendo no Inferno” tenha sido indicado como obra obrigatória no vestibular de uma grande universidade brasileira, a Unicamp. Nada mais justo, porém. O álbum acabou se tornando livro, cuja leitura, para quem conhece as músicas (a maioria das pessoas conhece, mano), é acompanhada pelas melodias tocando lá no fundo da memória. No livro, a poesia das ruas ganha vida, mesmo sem as notas musicais, mostrando-nos uma realidade com pouco glamour: “A bala não é de festim, aqui não tem dublê”. Um filme de ação na vida real, onde o prêmio é a sobrevivência além dos limites impostos pela política de uma sociedade genocida: “Para os manos da Baixada Fluminense à Ceilândia / Eu sei, as ruas não são como a Disneylândia”. Mas, em meio a essa guerra urbana, nascem os risos, as lágrimas e as flores da esperança, que tornam a periferia um espaço de possibilidades: “Que vida agitada, hein? / Gente pobre tem / Periferia tem / Você conhece alguém?”.

GOSTO DE AMORA

 Mário Medeiros

Livro - Gosto de amora - Livros de Literatura - Magazine Luiza
Foto Reprodução Amazon

Os contos de Mário Medeiros trazem um ponto de vista singular: o de meninos e homens negros que revelam seus sentimentos e suas estratégias diárias de sobrevivência, seja por meio de pequenas ou grandes atitudes. Revelam também suas memórias e suas expectativas em relação ao mundo que os cerca. A voz interior masculina negra é uma voz pouco ouvida na literatura brasileira, e isso reflete o fato de que tal voz é geralmente silenciada e soterrada pelas diversas violências cotidianas. É interessante ver personagens do livro protagonizando momentos de afetividade em relação a um pai, por exemplo, como no conto “Gosto de Amora”, em que um menino tem uma lembrança carinhosa do pai e o vê como um “gigante preto”. É uma relação de afeto e respeito que se desenha, uma relação humana pouco mostrada na literatura e na ficção em geral, mas que cada vez mais aparece na literatura afro-brasileira. No conto “Gosto de Amora”, rostos de outros homens, como os dos irmãos do narrador, fazem-se presentes, mesmo que seja nas planícies verdes da lembrança. Escura, doce e um pouco ácida, a fruta que dá título ao conto tem um nome que “é o feminino de amor”, esse amor que, por vezes, transborda das páginas do livro. Doutor em sociologia pela Unicamp, Mário Medeiros publicou em 2013 o livro “A Descoberta do Insólito: Literatura Negra e Periférica no Brasil”. O livro de contos “Gosto de Amora” foi finalista do Prêmio Jabuti de 2020.

ESCRITAS FEMININAS EM PRIMEIRA PESSOA

 Várias autoras. Organização: Maitê Freitas

Escritas femininas em primeira pessoa | Editora Oralituras
Foto Reprodução Editora Oralituras

Esta coletânea de contos traz quarenta e quatro autoras negras e indígenas que navegam por temas como memória, infância, maternidade, solidão, território, dentre outros. A narração em primeira pessoa deixa fluir a emoção com bastante intensidade e dá um tom mais íntimo às experiências das personagens. Os textos foram selecionados por meio de um chamamento público. São textos diversos; alguns estimulam a leitura de maneira mais imediata, outros necessitam de uma segunda abordagem. Algumas autoras já publicaram anteriormente, outras fazem sua estreia. São vozes, de maneira geral, periféricas, escritoras que fazem suas experiências e subjetividades serem materializadas na palavra escrita, em textos que são “traçados ancestrais”, por meio dos quais as escritoras afirmam seu pertencimento, suas raízes, num processo de autocuidado tecido em redes de afeto. A literatura feita por mulheres negras têm tido muita força e é fundamental que essas vozes venham à tona mostrar contornos diversos que driblam a invisibilidade e o esquecimento.

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