Dia da mulher Negra?
Por: Hamalli Alcântara
Para começar esse editorial, resolvi buscar um pouco em minha vivência o que é ser mulher negra. São tantas batalhas a se enfrentar, tantas lembranças de assédios, tantas lembranças de uma infância difícil por ser mulher, negra, de cabelo crespo e lábios grandes: um prato cheio para crianças sem o mínimo de
educação sobre diversidade.
Ao crescer os assédios, que antes eram de crianças, passam a ser de meninos em suas adolescências, que percebiam a mudança do meu corpo e queriam experimentar. Óbvio que não estamos falando de namorar, eles não querem isso. Querem apenas ficar com a “morena do 2° D” para ver como é que é.
Após um período difícil na adolescência, vem a vida adulta. E aí, meus caros leitores, é que a vida se complica ainda mais. É assédio de homens que não sabem ouvir não, que tratam a mulher negra apenas como um símbolo sexual. É a relação mulher negra e trabalho, onde pesquisas apontam que a mulher negra ganha 42% a menos que uma mulher branca, “quando consegue um emprego”. É a relação mulher negra e seu corpo/
cabelo; todos querem falar como você deve se vestir, como deve usar seu cabelo, todos querem ver, tocar, apontar e ninguém quer lutar com você.
Apesar de tudo que eu lhe descrevi, tenho o maior orgulho de ser uma mulher negra, aquela que sofre, mas que em nenhum momento desistiu, porque a mulher negra é luta, é garra, é vida! Tenho orgulho das mulheres negras que vieram antes de mim e batalharam para que hoje eu pudesse estar aqui, fazendo uma revista para negros; tenho orgulho das mulheres pretas que estão vindo por aí, que já se mostram uma geração que não
vai ouvir desaforo calada.
Na edição 238 trouxemos 4 mulheres que fazem a diferença na vida de muitas mulheres pretas que se inspiraram em suas vidas. Além de matéria exclusiva sobre nossos antepassados, são mulheres que estão mudando o mundo em setores pontuais como na política.
Termino este editorial dizendo: A mulher preta sofre, mas ela sorri, ela vive, ela ensina e abre caminhos para que exista uma sociedade melhor e mais igualitária. Viva a mulher preta latino- -americana e caribenha. Viva a mulher preta!!