Quilombolas no Poder, uma nova era

As rebeliões e lutas contra o sistema escravista no Brasil tem suas origens nas comunidades de africanos e seus descendentes; esses grupos sociais eram chamados de mocambos. Nos séculos XVIII e XIX começou o uso do termo quilombo, e, após a Constituição de 1988, denominou-se Comunidade Remanescente Quilombola. A palavra mocambo, para a maioria dos falantes das línguas banto, significava acampamento militar e também moradias.

Na Serra da Barriga, em Palmares (Alagoas), surgiu em 1595 o maior quilombo do período escravista, que ocupava um território que alcançava o estado de Pernambuco. Hoje as Comunidades Remanescentes Quilombolas tentam manter tradições de ancestralidade, mesmo não conseguindo dar atenção específica a cada comunidade no que se refere às suas experiências históricas particulares, trajetórias e experiências de vida. Para continuar resistindo protegendo legado,os mocambos de Cachoeira formaram Conselho Quilombola da Boca e Vale do Iguape, constituído pelos quilombos: Kaonge, Dendê, Kalemba, Engenho da Ponte, Engenho da Praia,Tombo, Kalole, Imbiara, Engenho da Vitória, Kaibongo Velho, Guaiba, Brejo, Engenho da Cruz, Engenho Novo, Acutinga, Motecho,Tabuleiro da Vitória, São Francisco Do Paraguaçu Santiago do Iguape. E dessa organização e luta os quilombolas conseguiram, nas eleições de 2020, não só a vitória de vereadores, Florisvaldo da Conceição, conhecido como Mag; Laelson Luis Ferreira Bispo – Laelson Roxo, como também da candidata que Conselho apoiou para prefeita, Eliana Gonzaga de Jesus, tendo como vice-prefeita ex-vereadora Cristina Soares. Chamamos todos para uma reunião quilombola e ouvimos suas histórias, planos e projetos.

Florisvaldo da Conceição, o Mag, é filho de marisqueira e de pescador na comunidade Quilombola de Santiago do Iguape, ativista e militante do quilombo, sempre esteve nas ações vinculadas à melhoria das comunidades frente ao poder público. Laelson de Roxo, nascido e criado na comunidade Quilombola Rural do Engenho da Cruz, entra no seu segundo mandato, no primeiro, juntamente com o Conselho Quilombola propôs o projeto de lei que delimitou o plantio de eucalipto, para proteção das comunidades quilombolas, nascentes e rios.

A prefeita Eliana Gonzaga traz na sua história de vida uma narrativa de luta e conquistas. Filha de feirantes, quando pequena, vendia sandálias na porta do Mercado Municipal; ainda jovem, 30 anos atrás, já fazia parte do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira. E foi através da militância sindical que alçou a primeira candidatura à vereadora, em 2008, sendo a mulher mais votada na história de Cachoeira. Em 2012, conseguiu se reeleger. E em 2020 foi eleita prefeita com 10.448 votos (55,94%). Sua Vice-prefeita, Cristina Soares,esteve entre os anos de 2013 e 2016 à frente da Secretaria de Assistência Social do município,em 2016 foi eleita vereadora.

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