O dia em que as mais de 200 percussionistas do Ilú Obá de Min se encontraram com a banda Dida no Pelourinho
O dia em que as mais de 200 percussionistas do Ilú Obá de Min
se encontraram com a banda Dida no Pelourinho
O coração do Pelourinho, onde histórias se misturam, foi palco do maior encontro de mulheres percursionistas negras do mundo, Ilú Obá de Min, com a banda Didá, quando uniram seus tambores em um só tom.
Um dia histórico em que liberdade, resistência e ancestralidade se unificaram. Tambores ecoaram, na batida de milhões de corações negros de hoje e do passado. Mulheres negras, fortes, livres saudando os orixás, os presentes, os mais velhos e sobretudo os que ainda resistem e clamam pela justiça de Xangô e Iansã, que regem o ano de 2025.
A Orixá Iansã, rainha do céu, veio às lágrimas e as águas rolaram no solo sagrado do Pelourinho, e na face emocionada daquelas mulheres negras, que no toque dos seus tambores bateram por liberdade e também pelas milhões de mulheres pretas do passado, que choravam por seus filhos sequestrados, escravizados, açoitados, mortos e esquecidos nas senzalas, e continuam a chorar pelos seus jovens e crianças nas vilas, becos e favelas vítimas dos fardados de hoje, herdeiros dos feitores de ontem.
O Pelourinho celebrou a força e resiliência da mulher negra, onde a batida do tambor se transformou na batida da alegria, da luta e da resistência do Ilú Obá de Min e da banda Dida, vozes que ecoam tambores pulsando para um novo dia no ano de Iansã e Xangô, divindades da força, da luta, mas acima de tudo da justiça.
A chuva de Iansã caiu no início da cerimônia e abençoou o encontro daquelas mulheres negras, fortes guerreiras unidas contra a opressão, exposto no canto pelas suas e seus orixás ali no ventre em que nasceu o Brasil, onde raízes negras se encontravam e se reverenciavam. Que bom ter vivido em um tempo de Ilú, e pude ver o seu berço, o Oriaxé, da Kika e da Penha, e ouvi da Beth Beli e Girlei Miranda, fundadoras do Ilú: “Pestana, bom você estar aqui para registrar este momento histórico”.
Ilú Obá e Dida, uma nova história, uma nova canção. Pelas ruas do Pelourinho, ecoaram os tambores – contra o racismo e pela liberdade, sem medo da opressão.
Texto e foto: Mauricio Pestana