Quanto mais mulheres negras, melhor

Atriz e comediante, Micheli Machado fala à RAÇA sobre a importância da presença de mulheres pretas na TV brasileira.

Qual a importância do empoderamento feminino e representatividade de artistas pretas no entretenimento? Uma forma de contribuir com a representatividade é entender contra o que elas lutam, ouvi-las e, claro, garantir espaço para mulheres pretas na indústria do entretenimento. É o que acredita a atriz, apresentadora e comediante Micheli Machado. Micheli tem uma longa carreira como atriz, participando de vários folhetins longas e séries de humor. Artista múltipla, Micheli também é apresentadora, e pioneira na comédia, sendo fundadora do grupo “Humor de Salto Alto”, indicado pela Folha de São Paulo como um dos melhores shows de stand-up do Brasil, em 2010.

“Os grupos eram formados sempre só por homens ou tinham, no máximo, uma mulher. Achei que tinha que mudar isso. Eu sempre escrevia piadas para outros artistas. Eles eram muito aplaudidos, até que um dia o Robson Nunes me disse: ‘Chega, você está pronta”, conta Micheli. Aos poucos, Micheli Machado foi conquistando seu lugar e ganhando papéis de destaque dentro e fora da comédia, entendendo a importância de ocupar esse espaço no entretenimento, tão pouco ocupado por pessoas como ela: mulher, mãe e preta.

Para uma mulher preta, o caminho para o estrelato parece ser mais longo. “Os obstáculos para ingressar no universo artístico já são muitos por sermos mulheres, quando falamos de mulheres pretas, eles se multiplicam. Além de, claro, os olhares julgadores, ou mesmo a necessidade de nos provarmos capazes o tempo todo”, comenta Micheli.

Micheli começou a trabalhar em frente às câmeras ainda criança, com 7 anos, como assistente de palco no programa da Angélica. E desde cedo, percebeu que o caminho para mulheres pretas era mais complicado e mesmo que aos poucos conquistassem mais papéis na televisão e na comédia, muitas vezes eram objetificadas e sexualizadas. “Dificilmente se via mulheres pretas na televisão, e quando uma ou duas alcançavam papéis em folhetins, sempre eram como empregadas ou quase sempre tinham pouca relevância e apenas apareciam para sensualizar. Essa objetificação é problemática e, em conjunto com o racismo, torna o processo de representatividade muito mais demorado”, desabafa a atriz.

Para a atriz, ainda existe muito machismo e racismo implícito, mas com a internet, evidenciaram-se as pautas sociais, e, a passos lentos, mulheres pretas vêm alcançando seu espaço no mundo do entretenimento. Ainda segundo Micheli, não deveria haver tanta luta para chegar aonde sonha, mas que o importante é não desistir e sempre acreditar no seu talento.

Foi assim que a comediante ganhou um lugar de respeito na comédia, abrindo seu próprio grupo e casa de stand-up, diversas vezes premiados e requisitados. E no momento, encanta os telespectadores com a personagem forte Jandira, do folhetim global Quanto Mais Vida, Melhor. Na novela, ela dá vida a ex-mulher de Neném, vivido por Vladimir Brichta. A atriz também está filmando novo projeto de série.

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