O Reformatório Nickel é uma história real de dor e resistência que você precisa assistir

O Reformatório Nickel, ou Nickel Boys, como é conhecido em sua versão original, é um daqueles filmes que, apesar de não ter saído com prêmios do Oscar de 2025, deixa uma marca profunda. Com uma história pesada e real, o filme chegou ao Brasil diretamente pelo Prime Video e, mesmo depois da cerimônia, segue sendo uma obra importante, que nos leva a refletir sobre injustiça, sobrevivência e a luta por um futuro melhor.

A narrativa, contada de uma forma bem diferente do usual, pode surpreender no começo, já que o filme escolhe uma abordagem subjetiva, com a câmera sempre no ponto de vista dos personagens. No entanto, assim que você vai se acostumando com esse olhar, a história de Elwood e Turner vai se tornando cada vez mais envolvente e impactante.

O filme acompanha dois adolescentes negros, Elwood e Turner, que acabam em um reformatório na Flórida dos anos 1960, a Nickel Academy. Mais do que uma instituição de reabilitação, a escola era um centro de tortura e segregação racial, algo que é revelado aos poucos. Elwood, um jovem cheio de esperança e com a crença de que a educação pode mudar sua vida, se vê preso em um lugar onde a violência é a regra. Já Turner, mais cético e com a experiência das durezas da vida, tenta ajudá-lo a sobreviver.

O reformatório, com suas casas separadas para brancos e negros, é um retrato das crueldades e da segregação racial da época. A relação entre Elwood e Turner, que se fortalece no meio da dor, é o coração do filme. É ali, entre tantos horrores, que eles tentam achar algum sentido e alguma forma de resistir.

Ambientado durante o auge do Movimento pelos Direitos Civis, o filme não só mostra o sofrimento dentro da instituição, mas também faz conexões com a luta por liberdade e igualdade do lado de fora. Embora a história seja baseada no livro The Nickel Boys, de Colson Whitehead, que mistura ficção e fatos reais, a direção de RaMell Ross tem um toque único. Ele traz fotos reais da investigação sobre o reformatório no final do século XX, tornando tudo ainda mais doloroso e real.

RaMell Ross e sua equipe escolheram um estilo de narrativa que, de início, pode parecer estranho, a história é contada através dos olhos dos próprios personagens. A câmera muda de perspectiva, ora mostrando o mundo pelos olhos de Elwood, ora pelos de Turner. Isso pode gerar um certo desconforto no começo, mas, à medida que o filme avança, esse recurso vai criando uma conexão mais profunda com os personagens e seus sentimentos.

A direção aposta em um ritmo mais lento e contemplativo, algo que pode afastar quem busca uma narrativa mais dinâmica. Mas cada cena tem um propósito, e ao final do filme, tudo se encaixa de uma forma impressionante. A fotografia, assinada por Jomo Fray, é outro grande destaque, é ao mesmo tempo bela e perturbadora, capturando momentos de reflexão e também de desespero.

Embora O Reformatório Nickel tenha sido indicado ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, o fato de não ter levado nenhum prêmio não diminui sua importância. O filme é uma adaptação poderosa do livro de Whitehead e consegue transmitir com intensidade as injustiças e a resistência dos jovens dentro do sistema. A atuação de Ethan Herisse (Elwood) e Brandon Wilson (Turner) é sólida, transmitindo a complexidade dos personagens, e o filme faz você refletir muito sobre as atrocidades do passado e como elas continuam a nos afetar.

Se você ainda não viu, O Reformatório Nickel é uma obra que vale a pena ser descoberta. Disponível no Prime Video, o filme é um lembrete de que histórias como essa precisam ser contadas, para que nunca mais se repitam.

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