Mulher chefia mais domicílios, mas segue com menos direitos e oportunidades no trabalho
Situação das mulheres negras é ainda mais grave. No caso das mulheres negras, a desocupação atingiu 9,3%, taxa muito maior que a dos homens não negros (4,4%).
Os bons resultados do mercado de trabalho, devido ao crescimento de 3,5% do PIB, estão expressos na criação de 1,7 milhão de empregos com carteira, na queda do desemprego e no aumento recorde da massa salarial.
Apesar desse cenário positivo, as desigualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho permanecem inabaláveis. As mulheres continuam com as maiores taxas de desemprego, os menores salários e ainda acumulam tarefas domésticas, incluindo atividades relacionadas aos cuidados de outras pessoas, atribuição que muitas ainda realizam além dos limites dos próprios lares, como trabalho remunerado.
Ao mesmo tempo, desde 2022, elas passaram à frente dos homens na chefia dos lares brasileiros, tornando-se responsáveis por 52% dos domicílios. Nos lares monoparentais, aqueles onde apenas um adulto vive com os filhos, sem a presença de um cônjuge, a chefia feminina chegava a 92%. Este Boletim Especial traz alguns dados gerais sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho, usando dados do 3o trimestre de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC-IBGE). Também com base na PnadC, apresenta uma comparação de horas gastas com afazeres domésticos por homens e mulheres e, a partir de dados do Sistema Mediador, traz uma seleção de cláusulas de gênero negociadas por representantes dos trabalhadores e das empresas em 2023.
Quase um quarto (23,2%) das mulheres negras estava em uma das três categorias de mão de obra subutilizada.
Homens não negros ganhavam 115% a mais que mulheres negras.
Em 2024, a taxa de desocupação ficou em níveis historicamente baixos
Mesmo assim, no 3º trimestre do ano passado, 3,7 milhões de mulheres estavam sem trabalho e em busca ativa de uma colocação no mercado de trabalho.
A taxa de desocupação feminina foi de 7,7%, contra 5,3% para os homens, no 3º trimestre de 2024. No caso das mulheres negras, a desocupação atingiu 9,3%, taxa muito maior que a dos homens não negros (4,4%).
As medidas de subutilização da mão de obra têm o objetivo de estimar com mais precisão a demanda por trabalho da população. A taxa composta da subutilização da força de trabalho agrupa três categorias: os desocupados, aqueles que trabalharam menos horas do que desejavam e aqueles que gostariam de trabalhar, mas, por algum motivo, estavam impossibilitados. Segundo dados do 3º trimestre de 2024, a taxa foi de 19,4% entre as mulheres e de 12,6% entre os homens. Entre as negras, quase um quarto (23,2%) estava nessa condição.
Texto do Boletim Especial 8 de março de 2025: Mulher chefia mais domicílios, mas segue com menos direitos e oportunidades no trabalho, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.