Publicidade da Rexona reforça como a comunicação ainda alimenta estereótipos no Brasil
A comunicação, em suas múltiplas formas — da mídia ao entretenimento, passando pela publicidade — tem o poder de construir e reforçar identidades. Em um país estruturado pelo racismo como o Brasil, esse poder muitas vezes é usado para perpetuar estigmas e desigualdades.
Um exemplo recente disso foi protagonizado pela Rexona, marca de desodorantes da Unilever. Em uma postagem nas redes sociais publicada no dia 18 de março, a empresa associou a imagem de Aline Patriarca, participante do Big Brother Brasil eliminada nesta semana, ao mau cheiro — em uma mensagem de conotação racista.
“O lamentável e que não é a primeira vez que a imagem de negros e negras são associados de forma irresponsável e preconceituosa a mau cheiro em repercussão midiática no Brasil”
A reação foi imediata. Internautas denunciaram o conteúdo como ofensivo e discriminatório e diante da repercussão negativa, a Rexona apagou a publicação e publicou uma nota pedindo desculpas:
“Nós erramos! E acabamos de apagar o post publicado no dia 18/03. Pedimos desculpas pela publicação e reforçamos o compromisso inegociável com a agenda antirracista.”
Ainda segundo a nota, a empresa afirma estar em processo de revisão de suas práticas:
“Estamos em uma contínua caminhada de aprendizagem, ouvindo a sociedade e sendo apoiados por consultorias especializadas, para promover uma transformação significativa nas nossas práticas internas. Isso significa revisitar os processos da marca, da criação à produção e veiculação de conteúdo. Mesmo!”
“Fica evidente que as estratégias e os produtos de comunicação consumidos cotidianamente operam para moldar identidades, culturas, realidades e construir narrativas. Da marca de refrigerantes à novela e às notícias. Essas estratégias e produtos de comunicação, por vezes, também alimentam, aprimoram e sofisticam o que há de melhor e pior em uma sociedade, inclusive o racismo”, disse Rachel Quintiliano no capítulo do livro Caminhos possíveis para equidade racial.