Revista Raça Brasil

Compartilhe

Mulheres negras e o sonho da casa própria

Picture of Mauricio Pestana

Mauricio Pestana

CEO do Grupo Raça Comunicações. Jornalista, publicitário, cartunista e escritor, referência no país e no exterior no que diz respeito à produção de materiais didáticos nas áreas de diversidade, cidadania e direitos humanos. Foi secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo e, atualmente, é diretor executivo da Revista Raça.

O sonho da casa própria é um desejo que muitas pessoas compartilham, mas para as famílias negras é um objetivo que parece estar sempre fora do alcance. A desigualdade de gênero e racial é um entrave que acompanha essas famílias desde sempre, e é um resquício da época da escravização, quando os negros foram colocados no olho da rua sem ter onde morar. Essa herança histórica ainda é sentida hoje em dia, e as mulheres negras são as mais afetadas.

Um levantamento inédito realizado pela ONG Habitat para a Humanidade Brasil revelou que as desigualdades de gênero impactam desproporcionalmente o acesso à moradia adequada no país. As mulheres negras são as que mais sofrem com essa desigualdade, e o estudo mostrou que elas podem demorar mais de 180 anos para conseguir casa própria. Isso é um escândalo, e é um reflexo da profunda desigualdade que ainda existe em nossa sociedade.

A falta de acesso à moradia adequada é um problema que afeta não apenas as mulheres negras, mas também suas famílias e comunidades. Sem uma casa segura e estável, é difícil para as pessoas se desenvolverem e alcançarem seu potencial. As mulheres negras são as que mais sofrem com essa situação, pois são as mais afetadas pela pobreza e pela exclusão social.

A luta pela moradia adequada é uma luta pela dignidade e pela igualdade. É uma luta que exige que as autoridades e as instituições sejam responsabilizadas por suas ações e que sejam tomadas medidas concretas para se resolver esse problema. É necessário que sejam implementadas políticas públicas que visam reduzir a desigualdade de gênero e racial no acesso à moradia, e que sejam criados programas de habitação acessíveis e inclusivos para as mulheres negras e suas famílias.

Enfim, o sonho da casa própria é um direito que deve ser garantido a todos, independentemente de gênero ou raça. É necessário que sejam tomadas medidas concretas para resolver a desigualdade de gênero e racial no acesso à moradia. É hora de agir para que as mulheres negras possam ter acesso à moradia adequada e possam viver com dignidade e igualdade, e isso tem um nome: “reparação histórica”, algo que países da Europa que escravizaram e foram responsáveis pelo tráfico negreiro começam a fazer, mas que parece demorar a acontecer deste lado do Atlântico.

Texto publicado originalmente na CNN Brasil

Publicidade

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?