O sonho da casa própria é um desejo que muitas pessoas compartilham, mas para as famílias negras é um objetivo que parece estar sempre fora do alcance. A desigualdade de gênero e racial é um entrave que acompanha essas famílias desde sempre, e é um resquício da época da escravização, quando os negros foram colocados no olho da rua sem ter onde morar. Essa herança histórica ainda é sentida hoje em dia, e as mulheres negras são as mais afetadas.
Um levantamento inédito realizado pela ONG Habitat para a Humanidade Brasil revelou que as desigualdades de gênero impactam desproporcionalmente o acesso à moradia adequada no país. As mulheres negras são as que mais sofrem com essa desigualdade, e o estudo mostrou que elas podem demorar mais de 180 anos para conseguir casa própria. Isso é um escândalo, e é um reflexo da profunda desigualdade que ainda existe em nossa sociedade.
A falta de acesso à moradia adequada é um problema que afeta não apenas as mulheres negras, mas também suas famílias e comunidades. Sem uma casa segura e estável, é difícil para as pessoas se desenvolverem e alcançarem seu potencial. As mulheres negras são as que mais sofrem com essa situação, pois são as mais afetadas pela pobreza e pela exclusão social.
A luta pela moradia adequada é uma luta pela dignidade e pela igualdade. É uma luta que exige que as autoridades e as instituições sejam responsabilizadas por suas ações e que sejam tomadas medidas concretas para se resolver esse problema. É necessário que sejam implementadas políticas públicas que visam reduzir a desigualdade de gênero e racial no acesso à moradia, e que sejam criados programas de habitação acessíveis e inclusivos para as mulheres negras e suas famílias.
Enfim, o sonho da casa própria é um direito que deve ser garantido a todos, independentemente de gênero ou raça. É necessário que sejam tomadas medidas concretas para resolver a desigualdade de gênero e racial no acesso à moradia. É hora de agir para que as mulheres negras possam ter acesso à moradia adequada e possam viver com dignidade e igualdade, e isso tem um nome: “reparação histórica”, algo que países da Europa que escravizaram e foram responsáveis pelo tráfico negreiro começam a fazer, mas que parece demorar a acontecer deste lado do Atlântico.