Saiu na Raça 209
UM ESTUDO PUBLICADO NO JORNAL ACADÊMICO PSYCHONEUROENDOCRINOLOGY REVELA QUE VÍTIMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL SÃO MAIS SUSCETÍVEIS A PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, QUE, POR SUA VEZ, AUMENTAM O RISCO DE PROBLEMAS CRÔNICOS, PROBLEMAS CARDÍACOS E ATÉ CÂNCER.
No estudo, os tipos de inflamações consideradas pelos pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia estavam relacionados à capacidade dos seres humanos de reagir a situações de estresse nos órgãos, como presença de toxinas, infecções, cicatrização de ferimentos e ansiedade situacional.
Normalmente, com o parecer desses acontecimentos, o nosso sistema imunológico começa a trabalhar, colocando em ação nossos mecanismos de defesa.
Com 71 participantes – 48 negros e 23 brancos com média de 53 anos – os pesquisadores extraíram partes do RNA de cada um, a fim de analisar as moléculas que desencadeiam inflamações no corpo e as substâncias envolvidas em respostas antivírus. Depois dessa análise, pode-se concluir que os níveis inflamatórios dos negros eram significantemente mais altos.
Os pesquisadores afirmam que o racismo pode representar 50% da inflamação aumentada entre essas pessoas.
Além disso, 37 participantes do grupo todo também eram soropositivos. Isso permitiu aos cientistas diferenciar o que era causado pelo racismo e o que seria provocado por uma infecção como a do HIV.
A propensão ao desenvolvimento de acidente vascular encefálico (AVC), câncer e outras doenças cardíacas, dessa forma, está ligada à quantidade de estresse que essas pessoas enfrentam diariamente.
Ainda são necessários mais estudos para confirmar de fato a descoberta, porém a pesquisa abre espaço para novas análises sobre como comportamentos raciais afetam todos os âmbitos da vida.
A inflamação nada mais é que um mecanismo de defesa para combater ameaças ou consertar danos. Isso não engloba apenas a ação de vírus e bactérias, mas também o estresse e a ansiedade — reações que ocorrem devido às mais diversas formas de manifestações racistas. Ou seja: o racismo é um problema adicional para o corpo.
“Discriminação racial é um tipo diferente de estressor crônico em relação à pobreza. Quando se trata da discriminação, você nem sempre percebe que está ocorrendo. E não consegue mudar a sua cor de pele”, aponta a psicóloga April Thames, professora da instituição que liderou a investigação.