Revista Raça Brasil

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Maria de Fátima/ Globo

Maria de Fátima: a síntese do que há de pior na geração Z

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Mauricio Pestana

CEO do Grupo Raça Comunicações. Jornalista, publicitário, cartunista e escritor, referência no país e no exterior no que diz respeito à produção de materiais didáticos nas áreas de diversidade, cidadania e direitos humanos. Foi secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo e, atualmente, é diretor executivo da Revista Raça.

Nova versão de Maria de Fátima em Vale Tudo ganha força com crítica ácida à geração Z e interpretação marcante de Bella Campos

 

A modernização que a autora Manuela Dias deu à personagem Maria de Fátima, na nova versão de Vale Tudo, tem sido um dos elementos fundamentais para o sucesso da novela — além da interpretação impecável de Bella Campos. A atriz conseguiu capturar com precisão a essência de um traço marcante da geração Z: a futilidade. A isso, somou-se uma dose acentuada de sensualidade e sedução, características potencializadas por uma geração moldada pelos bailes funks, pelas baladas liberais e por uma atmosfera cultural bem diferente da que marcava o Brasil do final dos anos 1980.

A futilidade, a cultura rasa dos leitores de orelhas de livros e de histórias de redes sociais estão presentes na nova Maria de Fátima e promovem uma identificação quase caricatural com a chamada geração “nem-nem”: nem estuda, nem trabalha, mas deseja se dar bem na vida a qualquer custo. Um retrato distante da juventude de outrora. A preocupação obsessiva com a aparência, o cabelo sempre hidratado e impecável, o sorriso falso: tudo expõe um conteúdo vazio — uma representação precisa e incômoda do comportamento de parte da juventude atual.

A busca por popularidade no vácuo das redes sociais e o desejo de “chegar lá” cortando caminho, passando por cima de quem for, transformaram a vilã que foi odiada no final do século passado em inspiração para muitos jovens de hoje. Não por acaso, a nova Maria de Fátima desperta mais empatia e admiração do que repúdio em parte do público brasileiro.

Manuela Dias atualizou a personagem com habilidade, mas é Bella Campos quem a torna inesquecível. Com talento e presença cênica, ela incorporou tão bem a nova Maria de Fátima que muitos que assistiram à versão original já começam a esquecer a personagem do passado. Isso se deve não apenas ao texto da autora, mas principalmente à performance brilhante de Bella Campos, que respondeu à altura às críticas iniciais e provou seu lugar entre os grandes nomes da teledramaturgia nacional.

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