Revista Raça Brasil

Compartilhe

Entrevista de trabalho com a Geração Z

Picture of Mauricio Pestana

Mauricio Pestana

CEO do Grupo Raça Comunicações. Jornalista, publicitário, cartunista e escritor, referência no país e no exterior no que diz respeito à produção de materiais didáticos nas áreas de diversidade, cidadania e direitos humanos. Foi secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo e, atualmente, é diretor executivo da Revista Raça.

Cansado de esperar por um funcionário com o perfil que eu havia descrito ao departamento de RH, e ou eles não resolviam ou os candidatos não passavam na entrevista, decidi eu mesmo entrevistar um dos pretendentes à vaga com as características que pedi: jovem, inteligente e acima de tudo desinibido, já que somos uma empresa de comunicação. Então fui a campo e eu mesmo comecei a entrevista:

Eu continha minha ansiedade, pois parecia que estava diante do candidato perfeito e daria uma aula de recrutamento à equipe do RH. Porém, dois minutos de contato já foram suficientes para eu perceber que estava olhando para a cara de alguém que estava sendo obrigado a estar ali, por isso já fui logo perguntando:

– Então você quer um emprego?

– Ah, não, meus pais é que querem que eu trabalhe! Eu estava pensando em fazer uma faculdade de videogame, mas eles acham que eu deveria “ganhar dinheiro” em vez de “perder tempo” jogando.

Eu perguntei sua idade e ele respondeu com um sorriso:

– Faço 30 no final do ano!

– Ah, sim, um jovem adulto maduro e experiente – exclamei e continuei a entrevista perguntando sobre sua experiência, e ele respondeu:

– Videogame!

Ah, claro, é óbvio que alguém que passou anos jogando videogame está mais do que preparado para enfrentar os desafios do mundo corporativo, pensei. Então eu perguntei o que ele esperava do trabalho aqui na empresa. Ele respondeu:

– Plano de saúde, ticket refeição, vale transporte… embora eu more a dois quarteirões daqui, semana de quatro dias e folga três vezes ao mês.

Porém ele disse que só aceitaria a vaga se fosse em home office.

Sim, entendo, porque assim é mais produtivo trabalhar de pijama em casa, sem supervisão e com a TV ligada no fundo. Eu estava quase certo de que ele iria pedir um cachorro-quente e uma Coca-Cola para acompanhar a entrevista.

Eu acho que posso dizer que essa foi a entrevista mais… criativa que eu já tive. E, embora eu não possa dizer que ele seja o candidato perfeito para a vaga, posso dizer que ele é definitivamente o candidato mais… interessante. Quem sabe, talvez ele seja o futuro da empresa? (Só se for o futuro de uma empresa de vídeo games, talvez).

Publicidade

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?