Revista Raça Brasil

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Portugal: Xenofobia e Racismo

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Mauricio Pestana

CEO do Grupo Raça Comunicações. Jornalista, publicitário, cartunista e escritor, referência no país e no exterior no que diz respeito à produção de materiais didáticos nas áreas de diversidade, cidadania e direitos humanos. Foi secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo e, atualmente, é diretor executivo da Revista Raça.

Portugal, a quem creditamos o tráfico negreiro e a escravização de milhares de africanos negros vindos para o Brasil, tem uma dívida impagável do ponto de vista moral, financeiro e racial, pois o racismo da era moderna nasce neste processo. Mas o que no passado foi constituído apenas contra negros e indígenas, hoje não distingue raça nem procedência, basta não ser português em Portugal. Esta é uma realidade alarmante, evidenciada pelos números crescentes de denúncias de preconceito. Nos últimos dois anos, esses casos aumentaram 20%, segundo a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial. Esse crescimento destaca a urgência de enfrentar o problema, que afeta diretamente os brasileiros naquele país.

Dados da Agência para a Integração, Migração e Asilo revelam que 35% das queixas registradas foram direcionadas a brasileiros, com a maioria dos casos ocorrendo em áreas urbanas. Lisboa e Porto concentram 60% dos incidentes reportados, mostrando que a região onde se vive influencia diretamente a exposição ao problema. Esses números são preocupantes e refletem uma tendência de discriminação, que precisa ser combatida. Além disso, é notável que 75% das vítimas não denunciaram os casos às autoridades.

O medo de represálias e a descrença na eficácia das medidas são os principais motivos apontados. Isso reforça a necessidade de políticas mais eficazes para proteger os imigrantes e criar um ambiente seguro, para que eles possam reportar os casos de racismo sem temor.

A “racialização” do brasileiro em Portugal é um conceito importante para entender essa dinâmica. Não se trata apenas de racismo baseado na cor da pele ou etnia, mas também na nacionalidade. Estereótipos negativos associam os brasileiros a certos comportamentos, como a ideia de que mulheres brasileiras estão ligadas à prostituição e homens brasileiros são vistos como ladrões.

A presença de brasileiros em Portugal é significativa, com cerca de 400 mil residentes, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Esse número pode chegar a mais de 500 mil até o final de 2025, de acordo com estimativas. O aumento de 332% no número de imigrantes brasileiros entre 2017 e 2024 é um dado relevante para entender a dimensão do problema.

Para combater o racismo e o discurso de ódio, entidades e políticos têm proposto revisar o artigo 240 do Código Penal, para aumentar as punições previstas. A discussão sobre tornar o incitamento ao ódio um crime público também está em pauta. Essas medidas visam proteger melhor as vítimas e criar um ambiente mais seguro e respeitoso para todos de um país, cuja dívida com o Brasil é imensurável.

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