Destruição de mansão escravocrata nos Estados Unidos reacende debate sobre turismo, memória e apagamentos históricos
A Nottoway Plantation, considerada a maior mansão da era escravocrata dos Estados Unidos, foi completamente destruída por um incêndio no último dia 15 de maio, em White Castle, Louisiana. Construída em 1859 por John Hampden Randolph com o trabalho forçado de 155 pessoas negras escravizadas, a propriedade era um dos principais símbolos da arquitetura antebellum do sul do país. O fogo teve início no segundo andar e se espalhou rapidamente, consumindo toda a estrutura principal apesar dos esforços de dezenas de bombeiros.
Durante décadas, a Nottoway funcionou como resort de luxo e espaço para casamentos, atraindo turistas com sua opulência e jardins bem cuidados. O episódio levou a uma avalanche de comentários na internet sobre a herança tenebrosa do local.
A situação tem paralelos no Brasil, onde construções como o Solar do Unhão, em Salvador, também foram erguidas por mãos escravizadas e depois ressignificado funciona como centros culturais. Diferente da Nottoway, o espaço baiano abriga o Museu de Arte Moderna da Bahia.
A destruição da Nottoway Plantation levanta questões fundamentais: a quem serve a preservação patrimonial? Sem contextualização histórica, esses espaços podem reforçar apagamentos e perpetuar uma visão romantizada da escravidão. Enquanto a estrutura física foi consumida pelas chamas, a história das pessoas que ali foram escravizadas continua viva — e exige ser contada com verdade e respeito.