Revista Raça Brasil

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Zezé Motta (instagram)

Cinco atrizes negras premiadas e de destaque no cinema e na tv

Da força de Ruth de Souza em Sinhá Moça à potência contemporânea de Jéssica Ellen, conheça as atrizes negras premiadas e os coletivos que impulsionaram essas trajetórias

 

A história do cinema, da televisão e do teatro brasileiros é atravessada pelo talento de mulheres negras que, mesmo enfrentando racismo e exclusão, construíram trajetórias marcantes e conquistaram reconhecimento da crítica. Ao lado de suas atuações premiadas, muitos desses nomes também têm em comum a passagem por coletivos e projetos que foram verdadeiros polos de formação artística para atores e atrizes negros.

  • Ruth de Souza (instagram)
    1 - Ruth de Souza

 

Ruth de Souza (1921-2019), pioneira absoluta, foi a primeira mulher negra a atuar no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Indicada ao Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1954, pelo filme Sinhá Moça, ela abriu caminho com elegância e firmeza para novas gerações. Também foi homenageada por sua carreira no Festival de Brasília e recebeu o Prêmio Shell pelo conjunto da obra.

Zezé Motta brilhou em Xica da Silva (1976), papel que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado. Sua força em cena e fora dela a transformou em ícone da cultura brasileira. Zezé também foi premiada por associações de críticos e coleciona homenagens por sua atuação política e artística.

Léa Garcia (1933-2023) fez história no cinema internacional com o papel de Serafina em Orfeu Negro (1959), filme vencedor do Oscar. Por essa atuação, foi indicada a prêmios em Cannes. Com uma longa trajetória no teatro e na TV, recebeu também o Prêmio Molière e foi homenageada em Gramado como símbolo de resistência artística.

Na televisão, Taís Araújo se consolidou como um dos principais nomes da teledramaturgia nacional. Por sua atuação em Amor de Mãe, recebeu o Prêmio APCA de melhor atriz. Com papéis de peso desde Xica da Silva (1996) até Cheias de Charme e Mister Brau, Taís tornou-se referência dentro e fora das telas.

Mais recentemente, Jéssica Ellen foi premiada pela crítica (APCA e Prêmio Extra) por sua performance na minissérie Justiça (2016), onde interpretou Rose, uma jovem negra injustamente condenada. Em novelas como Amor de Mãe, reafirmou seu espaço como uma das vozes da nova geração.

Essas trajetórias não são individuais. Projetos como o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento nos anos 1940, foram fundamentais para o surgimento de nomes como Ruth de Souza e Léa Garcia. Já nos anos 1990 e 2000, grupos como o Nós do Morro, no Vidigal (RJ), revelaram talentos como Babu Santana e Roberta Rodrigues, e abriram caminho para uma geração de atores com formação crítica e técnica.

A conquista de prêmios por essas atrizes representa mais do que mérito individual: reflete o acúmulo de lutas coletivas por visibilidade, reconhecimento e espaço em uma indústria historicamente excludente. Contar essas histórias é também reforçar que talento negro nunca faltou — o que faltou, e ainda falta, é oportunidade.

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