Revista Raça Brasil

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Ana Paula Minerato (instagram)

8 meses depois, justiça do Rio avança no caso de racismo de Ana Paula Minerato contra Ananda

Indiciamento de Ana Paula Minerato ocorre após inércia inicial do MP-SP. Apenas 12% das denúncias de racismo viram processos no país

 

A Justiça do Rio de Janeiro  indica lentidão em caso de racismo que chocou o país em 2024.  Após oito meses de espera, a influenciadora é indiciada por injúria racial contra Ananda, enquanto especialistas criticam a morosidade do sistema. 

 

O caso de racismo envolvendo a influenciadora Ana Paula Minerato e a cantora Ananda, integrante do grupo Melanina Carioca, expõe a lentidão crônica do sistema jurídico brasileiro em crimes raciais. Os áudios com ofensas – divulgados em novembro de 2024 – só tiveram primeiro desfecho em julho de 2025: Minerato foi indiciada pela Delegacia de Crimes Raciais (Decradi-RJ) por injúria racial, após ser inicialmente inocentada pelo MP-SP sob alegação de “falta de provas”.

 

A decisão do Rio reacende o debate sobre a disparidade de ritmo entre estados em investigações de racismo. Enquanto São Paulo arquivou o caso em março, a Decradi identificou nas mesmas provas – áudios onde Minerato chama Ananda de “empregada de cabelo duro” e “neguinha” – indícios suficientes para enquadrá-la na Lei 7.716/89, que prevê até cinco anos de prisão.

 

Lentidão em xeque

A delegada Rita Salim, responsável pelo inquérito, ressaltou à imprensa que “o tempo não apaga a natureza do crime”. Em entrevista coletiva, destacou: “Expressões como as usadas por Minerato perpetuam estereótipos estruturais. A demora não invalida a gravidade: racismo é crime inafiançável, mas ainda tratado com prioridade secundária”.

 

Para Ananda, o indiciamento – ocorrido oito meses após as ofensas – é uma vitória parcial. Em rede social, a cantora afirmou: “Cada passo importa, mesmo que tardio. Quero que vejam: racismo não ficará impune. A demora não é desculpa para desistirmos”.

 

Duas versões, uma contradição

A defesa de Minerato mantém o discurso de 2024: alega edição dos áudios e relacionamento abusivo com o ex-namorado, rapper KT Gomez. Já o MP-RJ terá 30 dias para decidir se denuncia a influenciadora à Justiça – prazo considerado “excessivo” por juristas, que apontam: 87% dos processos por racismo no Brasil levam mais de um ano para conclusão (dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2025).

 

O caso simboliza a batalha contra a normalização da violência racial

 

  • Dados alarmantes: apenas 12% das denúncias de racismo viram processos no país;
  • Descompasso federativo: divergências entre MPs de SP e RJ revelam fragilidade institucional;
  • Efeito pedagógico: Organizações negras pressionam por celeridade, já que 76% das vítimas abandonam processos devido à morosidade (Fala Preta, 2024).

 

Enquanto o MP-RJ não se pronuncia, o caso segue como termômetro: será a Justiça capaz de acelerar seu passo histórico para combater o racismo? A resposta – assim como o desfecho – ainda caminha a passos curtos.

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