Enquanto nos Estados Unidos o debate sobre inclusão avança sob resistência política, lideranças no Brasil defendem a importância estratégica da diversidade racial nas empresas
Diante das crescentes tensões políticas nos Estados Unidos envolvendo políticas de inclusão e diversidade, algumas corporações globais decidiram reafirmar publicamente seu compromisso com práticas antirracistas. A movimentação repercute também no Brasil, onde executivos já observam a necessidade de reposicionar a pauta no centro das decisões estratégicas.
Em março, a marca mais conhecida de calças jeans, a Levi’s, anunciou que manteria seu investimento em ações de diversidade, mesmo na contramão dos retrocessos políticos em território norte-americano. O posicionamento foi reforçado por campanhas publicitárias de grande impacto, como a recente colaboração com a cantora Beyoncé.
No Brasil, o tema começa a ganhar novo fôlego nas discussões internas de grandes empresas, especialmente entre lideranças negras em cargos de alta gestão. Para Edvaldo Vieira, executivo C-Level com ampla trajetória nos setores de saúde, seguros e mercado financeiro, este é um momento de reavaliação.
“Acho que tem tido uma parada para reflexão e, com certeza, o movimento que acontece nos Estados Unidos nos impactará. Ainda vamos encontrar um equilíbrio. Não será como antes, mas também não será interrompido”, avalia.
Vieira defende que a diversidade — e especialmente a racial — deve permanecer como uma prioridade nas empresas brasileiras. “A sociedade é diversa. As empresas precisam de produtos e serviços que atendam a esse público. Isso também é essencial para garantir crescimento e rentabilidade.”
Para ele, as novas gerações já exigem mudanças mais profundas, e as companhias que quiserem se manter relevantes precisarão incorporar essa pluralidade de forma real. “As empresas precisarão de pessoas que compreendam e participem dessa diversidade, inclusive nos processos de decisão.”