Mais da metade das mulheres negras empreendem por falta de oportunidades formais de trabalho; racismo e desigualdade agravam cenário
No Brasil, empreender nem sempre é uma escolha estratégica — muitas vezes, é a única alternativa para sobreviver. Essa realidade é ainda mais evidente entre as mulheres negras, que lideram o chamado empreendedorismo por necessidade, segundo dados do Sebrae e do IBGE.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC/IBGE), o Brasil conta com mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras, sendo que 48% são negras (pretas e pardas). No entanto, o Sebrae aponta que 61% dessas mulheres começaram a empreender por necessidade, e não por oportunidade — ou seja, para gerar renda diante da falta de emprego ou de alternativas no mercado formal.
Essa modalidade de empreendedorismo costuma estar associada à baixa escolaridade, pouco acesso a crédito, informalidade e ausência de redes de apoio, o que evidencia a vulnerabilidade estrutural enfrentada por esse grupo. Ainda segundo o Sebrae, mulheres negras ganham, em média, 60% menos que homens brancos no empreendedorismo.
Mesmo diante das adversidades, as mulheres negras movimentam a economia com criatividade, resiliência e inovação. São elas que comandam salões de beleza, cozinhas comunitárias, ateliês de moda afro, lojas virtuais e microempreendimentos nos setores de alimentação, estética e serviços.