Planejamento, redes de apoio e acesso a crédito são essenciais para o sucesso no afroempreendedorismo feminino
Abrir o próprio negócio tem sido uma alternativa cada vez mais comum para mulheres negras no Brasil. Segundo dados do Instituto Locomotiva, elas já representam quase 50% das empreendedoras negras do país, apesar de enfrentarem os maiores obstáculos no acesso a crédito, formação técnica e redes de apoio. O fenômeno, conhecido como afroempreendedorismo feminino, vai além da geração de renda: é também uma ferramenta de autonomia, impacto social e afirmação de identidade.
Mas como dar os primeiros passos? A seguir, reunimos orientações práticas e sugestões para transformar uma boa ideia em um empreendimento viável — mesmo diante dos desafios estruturais enfrentados por mulheres negras no país.
1. Encontre sua ideia de negócio
Antes de tudo, é preciso identificar uma necessidade real do mercado e conectá-la às suas habilidades, paixões e experiências de vida. Pergunte-se: Qual problema o meu negócio resolve? Para quem? Por que esse cliente escolheria meu produto ou serviço?
Fazer pesquisas de mercado, observar tendências e analisar concorrentes são passos fundamentais para refinar sua proposta e identificar oportunidades de inovação.
2. Estruture um plano de negócios
Esse documento será seu mapa estratégico. Nele, devem constar:
- Um resumo executivo
- Análise de mercado
- Plano operacional e logístico
- Plano financeiro com estimativa de custos, receita e capital necessário
- Estratégias de marketing e divulgação
Esse planejamento pode ser adaptado ao longo do tempo, mas é essencial para começar com clareza de propósito.
3. Formalize sua empresa
Entre os modelos disponíveis no Brasil, o MEI (Microempreendedor Individual) é o mais indicado para quem está começando e fatura até R$ 81 mil por ano. Para casos mais robustos, há também as opções EIRELI, LTDA e S.A.
O registro é feito na Junta Comercial do estado, seguido da emissão de CNPJ na Receita Federal e alvará de funcionamento na prefeitura.
4. Cuide das finanças desde o início
Um erro comum é misturar as contas pessoais com as do negócio. Por isso, é importante:
- Separar finanças pessoais e empresariais
- Controlar o fluxo de caixa
- Estabelecer capital de giro
- Utilizar ferramentas de gestão financeira, como aplicativos gratuitos (Cora, Nibo, QuickBooks)
Também é possível acessar linhas de crédito específicas para afroempreendedoras, como programas do BNDES, Banco do Povo ou fundos de impacto racial, como o Fundo Baobá.
5. Invista na divulgação da sua marca
Uma identidade visual coerente, presença digital e um bom plano de marketing são fundamentais para atrair e fidelizar clientes. Use ferramentas como o Canva para criar peças visuais e plataformas como o Instagram e o WhatsApp Business para divulgar seu trabalho.
Redes de apoio, como a Rede Dandaras, PretaHub e Feira Preta, também ajudam a ampliar o alcance do seu negócio por meio de conexões e eventos voltados à economia negra.
6. Capacitação e adaptação constante
Empreender é um processo de aprendizado contínuo. Monitorar indicadores de desempenho, buscar feedbacks e investir em cursos gratuitos — como os oferecidos pelo Sebrae Delas ou Afrobusiness — são formas de garantir que o negócio cresça com sustentabilidade.
Fonte: com informações da Revista Raça n.260.