“É preciso mais que discursos. É preciso ação.” Foi com esse espírito que o governo federal lançou, nesta segunda-feira (16), o Programa Mais Igualdade, uma política pública pensada para acolher, proteger e garantir direitos à população negra, quilombola e de comunidades tradicionais no Brasil.
A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Igualdade Racial, marca um avanço simbólico e prático na luta contra o racismo estrutural. Assinada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e pela ministra Anielle Franco, a proposta reconhece o que há muito tempo movimentos negros denunciam: não há justiça social sem justiça racial.
No centro do programa estão as Casas da Igualdade Racial — espaços criados para acolher pessoas negras que enfrentam diariamente o racismo, muitas vezes sozinhas. Nessas casas, elas terão acesso a apoio jurídico, psicológico e social, mas também encontrarão algo ainda mais essencial: pertencimento e cuidado.
Esses espaços também irão pulsar cultura, memória e resistência, valorizando a história afro-brasileira e incentivando a inclusão produtiva, especialmente de mulheres negras e juventudes. “Estamos falando de vidas. De histórias interrompidas pelo racismo, mas que merecem continuar com dignidade”, afirmou Anielle Franco no lançamento.
As Casas da Igualdade vão atuar em cinco frentes principais:
- Justiça racial, com apoio real a quem sofre crimes de ódio;
- Inclusão produtiva, com foco em oportunidades para mulheres e jovens negros;
- Cultura e educação, para fortalecer a identidade afro-brasileira;
- Convivência comunitária, para restaurar laços rompidos;
- Pactuação federativa, unindo esforços de diferentes esferas de governo.
O programa será implementado em parceria com estados, municípios e a sociedade civil, com financiamento do próprio Ministério da Igualdade Racial. Além das Casas, a proposta também investe na formação de agentes públicos, na estruturação de políticas de equidade racial e no fortalecimento de ações locais.
Mais que uma política pública, Mais Igualdade é um gesto de reparação histórica. É a tentativa de um país ferido se olhar no espelho e, finalmente, reconhecer as pessoas negras como protagonistas de sua própria história — e não como coadjuvantes da dor.
Porque não se constrói democracia onde há exclusão. E não se constrói futuro sem justiça.