Revista Raça Brasil

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O papel da cultura afro na construção de uma educação inclusiva

Ensinar não é só passar conteúdo. É formar gente. E num país como o Brasil, que carrega feridas profundas da escravidão e de tantas outras formas de exclusão, educar com justiça é também aprender (e ensinar) a enxergar o outro com respeito e verdade.

É nesse caminho que a cultura afro-brasileira tem um papel fundamental dentro da sala de aula. Muito além das datas comemorativas, ela traz histórias, vozes, ritmos, saberes e experiências que ajudaram a construir quem somos como povo. E quando isso chega até as crianças, algo muito poderoso acontece: elas crescem entendendo que a diversidade é riqueza — não motivo de preconceito.

Clarissa Lima, assessora pedagógica da Plataforma Amplia, acredita que uma educação verdadeiramente inclusiva começa por aí. “Uma sociedade que educa crianças e jovens a partir de uma perspectiva plural, justa e antirracista forma cidadãos mais empáticos, críticos e comprometidos com os direitos humanos”, destaca.

Mas o impacto não é só coletivo — é também profundamente pessoal. Quando crianças e jovens negros se veem refletidos no que aprendem, eles percebem que suas histórias importam. “Isso permite que estudantes negros se reconheçam como sujeitos históricos e produtores de conhecimento, ao mesmo tempo em que amplia o repertório intelectual e ético de todos os estudantes”, explica Clarissa.

Ela lembra que valorizar a cultura afro-brasileira também é uma forma de romper com o racismo que, muitas vezes, se esconde até no que chamamos de “conhecimento”. É o que o pesquisador Aníbal Quijano chama de “racismo epistêmico”: aquele que despreza saberes que não seguem a lógica europeia. Ou seja, quando a escola só apresenta um lado da história, ela não ensina — ela apaga.

Incluir a cultura afro-brasileira no cotidiano escolar é um gesto de amor e de reparação. É permitir que todas as crianças cresçam se reconhecendo como parte da história. É formar cidadãos que saibam conviver com o diferente, que escolham o respeito no lugar do preconceito, e que entendam que o mundo é melhor quando todo mundo pode ser quem é.

No fim das contas, é sobre ensinar com o coração — e isso faz toda a diferença.

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