Revista Raça Brasil

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Chefes de cozinha negros mostram força e identidade na gastronomia

A estreia de “Chef de Alto Nível”, comandado por Ana Maria Braga, vem acompanhada de um ingrediente raro na TV: a presença de dez pessoas negras entre os 24 participantes. Isso não deveria ser uma exceção, mas ainda é. E é justamente por isso que precisa ser celebrado — e refletido.

Historicamente, pessoas negras sempre estiveram nas cozinhas. Foram elas que criaram, adaptaram e sustentaram boa parte da culinária brasileira que hoje é celebrada nos restaurantes e nas mesas do país. No entanto, por muito tempo, essa presença foi invisibilizada nos holofotes da alta gastronomia — onde prêmios, chefs-celebridade e grandes eventos não refletiam a diversidade real das mãos que cozinham.

Ver nomes como Kelma Zenaide, Bruno “Preto” Manoel e Allan Mamede ganhando espaço em horário nobre é ver a potência da culinária afro-brasileira ocupando o lugar que lhe é de direito. São histórias que misturam talento com resistência, criatividade com ancestralidade. Cozinhar, para muitos deles, é também uma forma de existir com dignidade, de manter vivas tradições familiares, de transformar a dor em sabor.

A presença negra nesses espaços também inspira. Um jovem preto da periferia que vê Allan Mamede criando pratos incríveis pode, finalmente, se imaginar naquele lugar. Uma menina que cresce com os temperos da avó pode se sentir autorizada a transformar aquilo em profissão — e não apenas em lembrança.

É sobre comida, sim. Mas também é sobre pertencimento, representatividade e justiça histórica. Que esses reality shows deixem de ser exceção e se tornem palco constante para a diversidade que constrói o Brasil.

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