Revista Raça Brasil

Compartilhe

2 de Julho é dela também: Maria Felipa, coragem e luta na Bahia

Quando a gente pensa na independência do Brasil, muita gente lembra de Dom Pedro gritando às margens do Ipiranga. Mas a verdadeira liberdade, lá na Bahia, teve outro rosto: o de Maria Felipa, mulher negra, marisqueira, pescadora, trabalhadora das marés — e uma gigante na coragem.

Nascida na Ilha de Itaparica, Maria Felipa conhecia cada canto da Baía de Todos-os-Santos. E foi ali, nos manguezais, que ela e um grupo de mulheres mostraram que a luta pela independência não era só de homens armados. Elas sabiam se defender. Sabiam proteger sua terra. E fizeram isso com inteligência, união e galhos de cansanção — aquela planta que queima a pele e espantou muitos soldados portugueses.

Enquanto as tropas inimigas tentavam manter o Brasil sob domínio, Maria Felipa queimava embarcações, armava emboscadas e impunha respeito. E tudo isso numa época em que mulheres negras sequer eram vistas como cidadãs. Ela provou que liberdade também se constrói com as mãos do povo — das mulheres, do povo negro, dos invisíveis.

Por muito tempo, seu nome quase sumiu dos livros. Ficou guardado na memória do povo, contado em histórias passadas de boca em boca. Mas hoje, pesquisadores e movimentos sociais lutam para que Maria Felipa ocupe o lugar que sempre foi dela: o de heroína do Brasil.

Junto dela, também brilharam outras mulheres baianas. Maria Quitéria, que se vestiu de homem e pegou em armas para lutar pela independência. E Joana Angélica, freira que deu a vida tentando impedir soldados portugueses de invadirem o convento em Salvador.

Mas Maria Felipa tem algo especial: ela representa a força do povo simples, a coragem de quem não aceita ficar calada, a dignidade de quem defende sua terra. É a prova viva de que mulheres negras não só participaram da história — elas ajudaram a fazer o Brasil livre.

Neste 2 de Julho, lembrar dela é também lembrar que a independência não foi só um ato de imperadores, mas o sangue, o suor e a luta de quem sempre foi invisibilizado. E que, mesmo esquecida por tanto tempo, Maria Felipa continua viva toda vez que a gente fala seu nome.

Publicidade

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?