Empreender, para muitos negros no Brasil, não é só abrir uma empresa. É sobreviver, sonhar e lutar contra desigualdades antigas. E é também afirmar quem se é, com orgulho. Por isso, o anúncio do Sebrae Rio de selecionar 300 pequenos negócios negros para o programa Afroempreendedorismo não é só uma notícia econômica. É uma notícia de esperança.
Hoje, quase metade (49,9%) dos empreendedores no estado do Rio de Janeiro é negra. Muitos começaram seus negócios porque não havia outra saída. Mas o talento e a criatividade transformaram a necessidade em potência. Ainda assim, muitos desses empreendedores carregam desafios extras: falta de crédito, pouco acesso a redes de apoio e, muitas vezes, a invisibilidade.
O programa do Sebrae quer mudar isso. Durante seis meses, quem for selecionado terá acesso a cursos sobre finanças, planejamento, redes de contatos e formas de crescer no mercado. Vai ter também consultorias individuais e em grupo para aprender a calcular custos, separar o dinheiro da empresa das contas pessoais e organizar melhor o negócio. Tudo de graça. As inscrições estão abertas até 9 de julho no site do Sebrae.
Sérgio Malta, diretor do Sebrae Rio, explica o impacto dessa oportunidade: “A maioria dos empreendedores negros começa a abrir uma empresa por necessidade. No programa, eles aprendem a calcular custos corretamente e a importância de separar finanças pessoais das do negócio.”
Mas vai muito além dos números. Investir em afroempreendedorismo é investir em autoestima, em cultura, em justiça histórica. É garantir que negócios negros não sejam apenas formas de sobreviver, mas caminhos para prosperar — e para espalhar cultura, arte e saberes que fazem parte da identidade brasileira.
Apoiar esses empreendedores é também afirmar que o Brasil precisa olhar para eles não só como estatística, mas como protagonistas. E que suas histórias e talentos merecem espaço para florescer.